Outro estudo que ilumina a bondade dos banqueiros. É assim mesmo e é assim que se produz desigualdade: de cada dólar que recebe de ajuda, África paga 1,4 em dívida externa. Os ricos "doam" com uma mão e tomam com a outra, a mão que toma traz mais do que a mão que "doou", mas a propaganda das empresas, dos governos e dos noticiários só mostra as doações. Mostra também a velha e contínua ladainha neoliberal de que os pobres têm de fazer "o dever de casa".
Da Pública -- Agência de Reportagem e Jornalismo Investigativo.
Estudo revela que metade do valor doado pela comunidade internacional para iniciativas privadas em países pobres vai para empresas da OCDE
Em convenções mundiais sobre desenvolvimento e ajuda humanitária, como o 4º Fórum para Efetividade da Ajuda Humanitária, que ocorreu no ano passado, os governos repetem sempre a mesma coisa: que a maneira mais eficaz e justa de administrar a ajuda internacional é deixar nas mãos dos governos que recebem o auxílio financeiro. Mas uma nova pesquisa mostra que os governos doadores acabam muitas vezes investindo dinheiro público em empresas privadas – muitas delas sediadas nos mesmos países ricos. Um novo relatório publicado pela Rede Europeia para Dívidas e Desenvolvimento (Eurodad, na sigla em inglês) examinou cerca de US$ 30 bilhões de investimentos no setor privado voltado para o desenvolvimento nos países mais pobres do mundo. As doações foram feitas por governos europeus, pelo Banco Europeu de Investimento (BEI) e pelo Banco Mundial, entre outros. Quase metade desses investimentos foi para empresas dos países que fazem parte da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), cujos 34 membros reúnem mais da metade da riqueza mundial. O estudo mostrou que muitas destas empresas contratadas são grandes corporações e suas subsidiárias. Cerca de 40% estão listadas em alguma das maiores bolsas de valores do mundo.
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