Hoje é dia de bons textos. Olha que análise interessante desse Maurício Stycer. Televisão não tem nada a ver com jornalismo. Até que enfim descobriram. É entretenimento. Há muito tempo desconfiava disso, mas uns jornalistas antigos, bons, foram pra tevê e deram certo crédito ao veículo. Tá certo, não é bem assim, estou exagerando. Tem ótimo jornalismo na TV, principalmente em documentários. Aliás, o documentário deveria ser uma modelo mais usado no Brasil; a emissora não precisa produzir, contrata pequenas empresas de profissionais. O problema da televisão é outro: dá tanta importância à aparência que despreza o conteúdo. A gente vê isso nos coleguinhas que ficam deslumbrados por aparecer na tela, serem famosos, serem reconhecidos. Os de jornal chamam os tais de "seguradores de microfone". Antes de coletivas, a fonte estrela ou o assessor mala costuma procurar: "a Globo já chegou?" Esse negócio de estrelato, de aparecer no vídeo, de usar maquiagem, de ensaiar e decorar texto, de ler telepronter e tudo mais é pra atores, não é jornalismo. Jornalismo é uma coisa mais suja, em que o leitor, ouvinte ou telespectador sabe que tem alguém fazendo, porque deixa as digitais, erra. É humano. Artista de roliúde é que é deus, estrela, celebridade. E então os "jornalistas" que vão apresentar shows mudam de "patrão" na Globo. E ficam liberados pra fazer propaganda. Mas noticiário de esportes faz isso não é de hoje... Também não tenho nada contra entretenimento. É até legal Fátima Bernardes ir pra central globo de shows, melhor do que fazer entretenimento no Jornal Nacional. Ou o "show de escândalos" é outra coisa? Pior é que o jornalismo show da televisão contaminou a velha imprensa inteira.
Do blog do Maurício Stycer.
Bial, Fátima, Leifert... Por que há cada vez mais jornalistas no comando do entretenimento?
Maurício Stycer , 14/6/12
No
mesmo dia em que Fátima Bernardes recebeu a imprensa para falar sobre o
programa que vai comandar, batizado com o seu nome, a Globo anunciou
que Tiago Leifert será o apresentador de The Voice Brasil, reality
show destinado a revelar talentos musicais.
Eis um movimento que parece irreversível, o da transformação de
jornalistas da televisão em comandantes de programas de entretenimento.
Por mais que pareça natural, não é.
Um dos aspectos mais sensíveis desta mudança diz respeito à
proibição, na Globo, de jornalista ser garoto-propaganda ou fazer
merchandising. Por este motivo, noticiou a Folha, Fátima está trocando
de "patrão" dentro da emissora, deixando a Central Globo de Jornalismo
para integrar a Central Globo de Produção.
A proibição de jornalista fazer publicidade é comum em diversas
empresas. O garoto-propaganda é um ator, que fala bem de produtos que
eventualmente nem conhece, usa ou gosta. Vendo um jornalista anunciar as
qualidades de um produto de beleza, por exemplo, ou de um carro, o
espectador pode ser levado a acreditar nele como se estivesse ouvindo a
leitura de uma notícia.
Outro
aspecto notável nesta mudança, que Boninho percebeu ao levar Pedro Bial
para o BBB, e que agora repete com Leifert no The Voice, é a
possibilidade de lustrar uma bobagem do naipe de um reality show com o
prestígio do jornalista. E também de usufruir do desembaraço de um
profissional do mundo da notícia em situações que exigem jogo de cintura
e improviso.
A íntegra.