Há males que vêm para bem. O congresso reacionário do Paraguai, dominado pelos golpistas, pelos latifundiários e pelas multinacionais do agronegócio, e submisso ao governo americano, era contra a entrada da Venezuela no Mercosul. Os EUA certamente reagirão às decisões. A direita brasileira, isto é, em especial o PSDB, que defendeu a desposição do presidente Lugo, e está finada com os golpistas do Paraguai, certamente vai fazer coro ao governo americano. E a "grande" imprensa protofascista -- Globo, Veja, Folha -- vai amplificar essas vozes minoritárias para que pareçam majoritárias. Como sempre. Os governos do Brasil, Argentina e Uruguai não poderiam agir de outra forma, todos eles estão na mesma situação do governo Lugo, isto é, são governos de esquerda, que não representam os interesses do neoliberalismo e que estão no poder graças ao voto popular, não por vontade dos EUA. O que aconteceu com Lugo já foi tentado sem sucesso contra Chávez, Lula e Kirchner, além de Correa (Equador) e Morales (Bolívia), e continuará sendo tramado. (Há três anos o golpe teve êxito em Honduras.) A direita sul-americana raramente chega ao poder pelo voto, quando chega é por mãos de aventureiros como Collor ou de ex-esquerdistas convertidos à nova direita (FHC, Menem). No atual período histórico, em que as forças armadas estão mais distantes da política e ainda sendo julgadas pelos crimes de décadas atrás, o que resta à direita, além do eterno apoio do governo dos EUA, revelado pelo Wikileaks, são o controle dos grandes meios de comunicação, para manipular a opinião pública, e os parlamentos corruptos, para dar aura de legalidade aos golpes.
Do Opera Mundi.
Mercosul suspende Paraguai e aceita entrada da Venezuela
Aline Gatto Boueri, de Mendoza
Os chefes de Estado dos países-membros do Mercosul decidiram nesta sexta-feira (29/6/12) pela suspensão do Paraguai do bloco até que ocorram novas eleições democráticas no país. Além disso, a Venezuela passará a ser membro pleno do Mercosul a partir da próxima reunião do bloco em 31 de julho deste ano, no Rio de Janeiro. A decisão foi tomada durante a Cúpula do bloco em Mendoza, Argentina.
A presidente argentina Cristina Fernandéz de Kirchner, afirmou que o bloco vai respeitar a decisão do povo paraguaio nas urnas "seja qual for". Segundo a declaração final lida pelo chanceler argentino Hector Timerman, Assunção não terá direito de participar dos organismos e deliberações do Mercosul até "o pleno restabelecimento da ordem democrática no Paraguai".
A medida, no entanto, não contempla sanções econômicas, de acordo com o que já havia sido adiantado pelos chanceleres do Brasil e da Argentina. No documento final produzido pelos chefes de Estado também consta que os chanceleres do Mercosul farão consultas regulares para acompanhar o processo de restituição da ordem democrática em Assunção.
O Parlamento do Paraguai era o principal entrave para a entrada da Venezuela no bloco sul-americano, com a sua suspensão, o país de Hugo Chávez teve a sua inclusão aprovada na Cúpula desta sexta-feira.
A íntegra.
Da BBC Brasil
À revelia do Paraguai, Mercosul anuncia adesão da Venezuela ao bloco
Márcia Carmo, de Buenos Aires
Os líderes de Argentina, Brasil e Uruguai anunciaram nesta sexta-feira, em Mendoza, a adesão da Venezuela como membro pleno do bloco. A decisão se deu à revelia do Paraguai, suspenso do grupo após o polêmico impeachment do ex-presidente Fernando Lugo. O país era o único integrante do bloco que ainda não havia ratificado a adesão venezuelana.
"Anunciamos a adesão da República da Venezuela como membro pleno do Mercosul em uma reunião (extraordinária) no dia 31 de julho no Rio de Janeiro", disse a presidente Cristina Kirchner, da Argentina.
Ao discursar, a presidente Dilma Rousseff disse esperar "que a Venezuela formalize a adesão buscada com esforço". Em menção indireta ao Paraguai, Dilma disse que o Mercosul tem "o compromisso democrático" e rejeita "ritos sumários", em uma referencia ao rápido impeachment de Lugo.
Segundo Dilma, o Mercosul está aberto para a adesão de novos sócios plenos do bloco.
Em Caracas, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, comemorou a decisão e afirmou que o ingresso do país no Mercosul, após sete anos de espera, representa "uma derrota para o imperialismo americano e as burguesias lacaias da região".
A íntegra.