Mais um relatório a dizer isso. Agora é o HSBC, que vê "oportunidades" no "negócio água" e está "investindo" US$ 100 milhões nos próximos cinco anos. O retorno, segundo o banco, varia de 1 para 5 a 1 para 16. Será que os banqueiros ficaram bonzinhos?
Do Instituto CarbonoBrasil.
Falta de água pode afetar crescimento econômico mundial
Por Jéssica Lipinski.
Sempre ouvimos falar que a água é essencial para a vida do ser humano, mas sua disponibilidade está além da esfera biológica, e afeta também o campo econômico. É o que salienta um novo relatório da consultoria Frontier Economics e do banco HSBC, que afirma que a escassez hídrica poderá prejudicar o crescimento econômico mundial nas próximas décadas. A saída é investir em uma melhor distribuição, saneamento, tratamento e economia de água para todos. De acordo com o documento, até 2050 as dez bacias hidrográficas mais populosas do mundo – dos rios Ganges, Yangtzé (rio Azul), Indo, Nilo, Huang He (rio Amarelo), Huai, Níger, Hai, Krishna e Danúbio – terão capacidade para gerar 25% do PIB global; atualmente, as regiões que compreendem essas bacias geram 10% do PIB global. No entanto, isso só acontecerá se houver uma mudança no processo de manejo hídrico dessas bacias, caso contrário este crescimento ficará sob a ameaça de um consumo insustentável de água. Se isso acontecer, o texto prevê a escassez de água em pelo menos sete das dez bacias, incluindo a dos rios Ganges, Amarelo e Níger. "Assumia-se até agora que a água sempre estaria disponível. As pessoas estão percebendo que isso agora não é assim", comentou Nick Robins, diretor do Centro de Excelência em Mudanças Climáticas do HSBC. Por isso, o relatório sugere que é necessário maior investimento nos recursos de água doce e melhoramento no tratamento, na economia de água e em como a água é usada na agricultura, na indústria e nas residências. Além disso, o documento indica que os desenvolvedores de políticas devem entender a relação entre a água, a produção de alimentos, a energia e as mudanças climáticas e procurar formas de atrair investimentos para aperfeiçoar a infraestrutura hídrica. "As descobertas mostram que o futuro das bacias hidrográficas é fundamental para o crescimento econômico. Ações rápidas e colaborativas em todo o mundo são necessárias. O relatório também enfatiza a forte lógica econômica de melhorar o acesso à água doce e saneamento, em um momento em que a ajuda total ao acesso à água e ao saneamento diminuiu", observou Douglas Flint, presidente do HSBC. Mas o texto aponta que, se há necessidade de investimentos, há também muitas possibilidades de ganho com isso. O relatório diz que investir no acesso universal à água resultaria em um ganho econômico mundial anual de US$ 220 bilhões. Os países poderiam ter um retorno de US$ 5 para cada US$ 1 gasto, embora na América Latina esse retorno possa chegar a US$ 16, e alguns países africanos poderiam receber todo esse retorno em três anos. "[Os investimentos em água] são ativos de longa vida bastante seguros, então não há muito risco aí. Mas você realmente precisa dar aos investidores garantia de que os ativos estão a salvo", declarou Robins. O próprio HSBC está investindo na questão, e dará US$ 100 milhões nos próximos cinco anos para a WaterAid, a EarthWatch e o WWF para combater problemas hídricos.
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