segunda-feira, 18 de junho de 2012

Lula e Maluf juntos, quem diria

O PT aprendeu a fazer política em 2002 e faz cada vez melhor. Melhor aqui não tem conotação de valor, mas de eficiência. Até o diabo pode ser aliado. O PSDB também fez isso, aliás foi quem começou, aliando-se ao PFL, ex-PDS, ex-Arena, atual DEM, ou seja, o pessoal que ajudou a sustentar a ditadura militar. Maluf também prosperou na ditadura e seu nome, sinônimo de corrupção e esperteza política, atraiu todos os ódios que não podiam ser destinados aos militares (lembro da capa de uma revista de esquerda com foto do Maluf fazendo a primeira comunhão e o título: "O menino que virou Maluf"). Um populista de direita. Quem deve ter gostado do Maluf foi Tancredo, o avô do Aécio, que por causa dele se tornou presidente indireto -- mas não viveu pra tomar posse e nos legou Sarney. Aliás, as heranças de Tancredo foram terríveis: Hélio Garcia no governo estadual, Sarney no governo federal e Aécio, seu "herdeiro político". Interessante como um político tão pouco expressivo quanto Tancredo, ruim de voto, mas bom de bastidores, morreu como mártir e deixou tanta herança. E essa herança toda se deve ao Maluf, que resolveu ser o candidato do PDS, ex-Arena, à presidência e derrotou o candidato dos militares, o general Andreazza. Por causa disso, por não aceitar o Maluf, foi que parte dos governistas se rebelou e se juntou ao PMDB, formando a maioria no colégio eleitoral indireto que elegeu Tancredo. Maluf era tão execrado que nem a direita o aceitava. Agora faz parte da aliança do PT! A questão é que quando o PT se alia ao Maluf faz o Serra parecer de esquerda... O pragmatismo petista é espantoso. Erundina reage como uma má política, como gente normal. Realmente é constrangedor. A gente vê o constrangimento no rosto do Haddad (que seria meu candidato, provavelmente, se eu morasse em São Paulo), mas não vê o mesmo no rosto do Lula, que já passou essa fase. Talvez esteja certo, talvez seja sabedoria, mas quem não é político, é só eleitor, fica constrangido. A foto é da Agência Estado. Segundo matéria do portal iG, Maluf exigiu que Lula fosse ao encontro. Foi o que pensei. O ex-presidente não falou nada, mas não precisava; o que Maluf queria era posar para fotos apertando a mão do Lula. Elas ficam para a História. Maluf faz política com símbolos e essa imagem fala mais que mil palavras. Aproveitou a oportunidade para repetir aquela ideia de que "não existem mais direita e esquerda". É preciso acrescentar que Serra também queria Maluf como aliado, mas não seria mais lógico que os dois ficassem juntos? (A notícia da desistência da Erundina, que só O Globo e a Abril deram, pode ter sido inventada. Não seria a primeira vez que os veículos da direita demotucana fariam isso.)



Da Rede Brasil Atual. 
Erundina reage mal à aliança de Haddad com Maluf e quer desistir de ser vice
São Paulo – Depois da formalização hoje (18/6/12) do apoio do PP, presidido pelo ex-prefeito Paulo Maluf, à candidatura de Fernando Haddad (PT) à prefeitura de São Paulo, a deputada federal Luiza Erundina (PSB) afirmou que vai reavaliar a decisão de sair candidata a vice na chapa do petista. A dobradinha foi anunciada na última sexta-feira.
Erundina disse ao O Globo que é uma situação muito constrangedora. "Tenho de rever essa situação", disse. Acrescentou que conversou com lideranças da sociedade, que se mostraram contrárias às aliança. "Não sabia dessa possibilidade de composição com o Maluf."O apoio do PP foi oficializado na casa de Maluf com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A deputada afirmou que a ligação de Maluf com a ditadura militar é inaceitável. "Vou conversar com o meu partido. Meu partido tem outros nomes, não tem problema nenhum. Mas eu não aceito." 
Para o presidente nacional do PT, Rui Falcão, não há constrangimento no apoio de Maluf. "Há 12 anos éramos rivais e hoje somos aliados", disse Falcão. "O Brasil mudou. Mudou o eleitorado e mudaram os partidos que resolveram apoiar nosso projeto nacional, como é o caso do PP", disse. Ele disse que a aliança amplia as possibilidades eleitorais, aumenta o tempo de TV e faz crescer o número de pessoas fazendo campanha "para mudar São Paulo".