A antipatia geral contra José Dirceu foi construída pela velha imprensa de direita, que em outros tempos disseminava a ideia de que comunista come criancinha e outras imbecilidades criminosas. Quem, entre os que não gostam dele, tem uma experiência pessoal para julgá-lo? A antipatia vem da leitura sistemática de notícias que o demonizam, dos preconceitos que correm de boca em boca contados por quem não para pra pensar. Faz parte do mesmo processo que tentou e continua -- sem sucesso -- tentando demonizar Lula, o alvo principal dessa campanha protofascita contra o PT.
Da Rede Brasil Atual.
Dirceu: 'Eu estava marcado para morrer, mas não tenho vocação para a morte'
Por João Paulo Soares
São Paulo - O ex-ministro José Dirceu afirmou neste sábado (24/11/12) que estava "marcado para morrer" desde o início o processo político e midiático conhecido por mensalão. Da cassação de seu mandato de deputado pela Câmara Federal, em 2005, à condenação pelo STF na Ação Penal 470, agora, Dirceu fez um histórico detalhado dos vários momentos em que as leis e as regras democráticas foram reinterpretadas ou ignoradas para que a investida contra ele e o PT se transformasse num "julgamento de exceção, de caráter sumário".
"Eu estava marcado para morrer. Só não fui fuzilado porque no Brasil não existe pena de morte. E o problema é que eu não tenho vocação para a morte. Vou ficar de pé", disse o ex-ministro, arrancando aplausos das pessoas que compareceram ao Sindicato dos Engenheiros, no centro de São Paulo, para o "Ato em Defesa do PT".
O ato foi organizado pela corrente O Trabalho – na abertura do 5º Encontro Nacional Diálogo Petista. A corrente, adversária histórica de Dirceu e de seu grupo dentro do partido, é uma das que estão mais à esquerda no espectro político petista. Segundo Markus Sokol, um de seus líderes, as divergências internas não impedem a solidariedade aos companheiros e a denúncia da maneira como se deu o julgamento, cujo objetivo real seria atingir o PT, a esquerda e as forças populares.
Participaram da plenária, que também contou com o ex-deputado José Genoino, igualmente condenado sem provas, representantes de movimentos sociais e da CUT, além da militância e de parlamentares, como o senador Eduardo Suplicy (SP) e o deputado estadual paulista Zico Prado.
Dirceu classificou de "desfaçatez" a série de manobras criadas para cassá-lo e depois condená-lo, em especial a "narrativa sem provas e sem contraditório" do STF, que "violou" princípios constitucionais como a presunção da inocência e o direito ao recurso a outras instâncias da Justiça. "O que aconteceu (comigo) é grave e transcende ao julgamento, porque suspende as garantias individuais de todos os cidadão", avaliou. Segundo ele, o seu caso e de outros criou uma jurisprudência segundo a qual, a partir de agora, qualquer pessoa pode ser condenada sem provas ou testemunhos.