Da Ciência Hoje.
Física quântica a olho nu
Por Sofia Moutinho
Físicos do Canadá, Inglaterra e Singapura conseguiram o feito inédito de criar um emaranhamento quântico, à temperatura ambiente, em objetos sólidos e visíveis a olho nu: dois diamantes de três milímetros de largura. Até então, esse fenômeno só tinha sido observado e induzido em objetos microscópicos. O emaranhamento quântico é um dos misteriosos processos da física pelo qual duas partículas separadas e distantes se conectam 'fantasmagoricamente' formando um só sistema, de modo que as informações e características de cada uma delas deixam de ser individuais e passam a ser compartilhadas. No emaranhamento, não é possível conhecer inteiramente as propriedades de uma partícula em separado, mas somente das duas em conjunto. Estudiosos de todo o mundo acreditavam que esse fenômeno, previsto por Einstein em 1935 e observado em nuvens formadas por partículas microscópicas desde a década de 1970, também poderia acontecer em sólidos macroscópicos, geridos pelas leis clássicas da física. Mas o grupo internacional de físicos é o primeiro a demonstrar isso em artigo publicado na Science desta semana. Os físicos usaram feixes de raios laser ultraenergéticos para gerar o emaranhamento entre fônons (quase-partículas que carregam vibração) de dois diamantes distantes 15 cm um do outro. Ao serem atingidos pelo feixe de laser simultaneamente, os fônons presentes nos diamantes foram excitados e se mantiveram emaranhados por sete picosegundos, o equivalente a um segundo dividido por 7 bilhões. Para confirmar o emaranhamento, os cientistas mediram os fótons emitidos no processo – quando um fônon é excitado, ele libera fótons. Os cientistas observaram que o experimento resultou na emissão de apenas um fóton pelos dois diamantes, o que significa que eles estavam unidos pelo emaranhado quântico, formando um só objeto.
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