Em A privataria tucana, o jornalista Amaury Ribeiro Jr. revela que o atual presidente do PT, Rui Falcão (o mesmo que atualmente tenta impor ao PT belo-horizontino o apoio à reeleição do prefeito Lacerda), vazou para Veja informações da campanha da Dilma, inclusive esboços do livro que estavam no notebook do Amaury. Interessado em assumir o comando da campanha, Falcão tentava queimar os coordenadores ligados a Dilma, passando informações ao inimigo (Veja era a principal porta-voz dos tucanos). O assunto ocupa apenas os capítulos finais do livro, cujo tema, como se sabe, é outro. A história do PT, especialmente a partir de 2002, ainda está por ser escrita e certamente será uma história sem similar, pois não há na história brasileira partido equivalente ao PT. Provavelmente mostrará, entre outras coisas, como um grupo diversificado de idealistas organiza um partido de massas e como alguns falcões (muitos? A maioria? Os dirigentes?) se corrompem na trajetória para alcançar e manter o poder.
Do Terra Magazine.
Secretário do PT defende Rui Falcão de acusações do livro "A privataria tucana"
Claudio Leal
Esgotado nas principais redes de livrarias do País, três dias depois do lançamento, o livro A privataria tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Jr., traz em sua parte final os bastidores de uma das crises políticas da campanha de Dilma Rousseff à Presidência da República, em 2010. Na pré-campanha, o PT foi acusado de montar uma equipe de arapongas para espionar e elaborar dossiês contra o candidato do PSDB, José Serra. Após as acusações, o assessor de comunicação, Luiz Lanzetta, deixou o QG petista em junho de 2010. Uma reportagem da revista Veja descreveu o encontro do proprietário da Lanza Comunicação com o delegado aposentado da Polícia Federal Onézimo Sousa. Eles foram acusados de tentar monitorar Serra e o deputado federal Marcelo Itagiba (PSDB-RJ), suspeito de equipar a contrainteligência do PSDB. Lanzetta teria sido indicado pelo ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel (PT), atual ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. No livro, Amaury acusa o presidente petista, Rui Falcão (coordenador da comunicação de Dilma), de ter sido a fonte da Veja e de ter mandado copiar as páginas iniciais de A privataria tucana. "Descrito minuciosamente pelo diretor da revista, o que ele chamava de relatório era o esboço geral deste livro arquivado no meu notebook", narra o jornalista. "Não foi preciso nem um pouco de esforço para chegar à conclusão: o texto só poderia ter sido copiado na ratoeira do apartamento do hotel em que me haviam colocado em Brasília e onde Rui Falcão tinha trânsito livre". Em abril, o petista entrou com uma queixa-crime contra Amaury, que continua a acusá-lo de ter violado dados armazenados em seu computador. Secretário nacional de comunicação do PT, o deputado federal André Vargas diagnosticou, em 2010, a origem do conflito: a proximidade de Fernando Pimentel com o governador mineiro Aécio Neves trouxe o dossiê (ou esboço de livro) para o colo da campanha. "Essa relação muito íntima com adversários figadais não dá certo. Aécio se preparou pra uma guerra contra o Serra, que não aconteceu. Aí acabou uma mina ativa pra gente", declarou, referindo-se a uma reportagem encomendada pelo "Estado de Minas" a Amaury.
A íntegra.