Os neoliberais não são só campeões da injustiça, são também incompetentes. Sua política "salvadora" que combina cortes de gastos sociais com recessão, além de causar males aos trabalhadores e concentrar riqueza, não surte bons resultados, ao contrário, agrava os problemas. No entanto, arrogantes, eles posam de sérios e capazes. É só pose, quem resolve os problemas do capitalismo são sempre os reformistas tão criticados como "incompetentes", "estatizantes", "nacionalistas" etc. Na Europa como no Brasil.
Da Agência Carta Maior.
Crise na zona euro: o movimento tardio da dupla "Merkozy"
Eduardo Febbro
Uma crise profunda e uma guerra quase aberta entre mastodontes do liberalismo planetário como são Estados Unidos e União Europeia combinam-se em momentos nos quais os dirigentes da União Europeia analisam o projeto de reforma promovido por França e Alemanha com o objetivo de superar a crise. Justamente quando vai começar uma cúpula em Bruxelas destinada a salvar a eurozona, a agência de classificação de risco norteamericana Standard and Poor’s coloca diretamente sob vigilância a União Europeia, um fato sem precedentes até hoje, sobretudo entre jogadores do ultra-neoliberalismo. Especialistas, banqueiros, analistas e dirigentes do Velho Continente olham a década através de um prisma de caos, ajustes e recessão onde todas as alternativas são tangíveis, sobretudo as piores : o fim do euro deixou de ser uma coisa impossível, assim como o surgimento de uma Europa a duas velocidades, composta, por um lado, pelos países rigorosos e competitivos do Norte e, por outro, pelos do sul. Citado pelo jornal Le Monde, Jean Pisani-Ferry, uma analista belga do grupo de reflexão Bureguel, reconhecia que as projeções catastróificas semalhantes à crise norteamericana de 1929 "não podem ser afastadas com um tapa". Desde que o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e a chanceler alemã, Angela Merkel, se reuniram segunda-feira em Paris para defender um rigoroso plano de controle dos déficits, as más notícias despencaram como uma tempestade sobre o Velho Continente. Os principais golpes não vêm de dentro, mas sim dos Estados Unidos, o outro grande eixo liberal. Em três movimentos, a agência de classificação de riscos norteamericana Standard and Poor’s sentenciou antecipadamente a eficácia das medidas que poderão ser adotadas na cúpula de Bruxelas. No início da semana, a Standard and Poor’s colocou sob uma perspectiva negatuva as notas dos países da zona Euro e pôs sob vigilância 15 dos 17 países da dita zona, incluindo Alemanha, Franca, Áustria, Luxemburgo, Finlândia e Holanda. No médio prazo, isso poderia se traduzir nos próximos meses por uma das sanções mais agudas : a perda da prestigiada nota AAA. Dois dias depois, a mesma agência sepultou o famoso fundo de resgate europeu criado especialmente para salvar da bancarrota os países da UE. A S&P anunciou que o fundo estava sob "supervisão negativa". O último ato aconteceu um dia antes da cúpula de Bruxelas : a agência estadunidense colocou sob vigilância a dívida da União Europeia (que desde 1976 tem a nota AAA) e extendeu sua sanção ao sistema banário.
A íntegra.