Na entrevista abaixo, Carvalho diz: "Qualquer que seja a condição, eu
e Patrus estaremos juntos". "Vindo pra cá, conversava com o Leonardo
Quintão para reeditar a base aliada." "Belo Horizonte era uma panela de pressão tampada. Nós destampamos a panela. É irreversível." "A cidade acordou de um pesadelo." É uma entrevista esclarecedora sobre o que foi a administração Lacerda, uma ruptura com as administrações petista, uma adesão ao modelo tucano neoliberal de governar.
Sempre achei que o nome mais forte do PT em Belo Horizonte é Patrus, agora tenho dúvida. Patrus passou algum tempo distante da cidade, depois de ministro virou cronista; me parece que Roberto Carvalho está mais afinado com os sentimentos da rua, com as aspirações e desejos da população que penou na cidade transformada em empresa por Lacerda. É preciso reconhecer que foi ele o único (além do deputado Rogério Correia) a denunciar o erro dessa aliança para reeleger o atual prefeito. Até Patrus, que em 2008 foi contra, desta vez conciliou. Por isso Carvalho tem o direito de ser candidato e os petistas devem reconhecer isso, começando por Patrus. Patrus é querido pelos belo-horizontinos, começou a mudança vinte anos atrás, mas será que esta não é a hora do Roberto Carvalho? O razoável seria Patrus reconhecer o direito de Carvalho e este ceder a vez ao Patrus, em nome da união, da recuperação da dignidade do partido e, mais do que da vitória, da reconstrução do PT belo-horizontino. Só assim será possível, talvez não ganhar a eleição municipal, mas, quem sabe, ganhar o governo do estado em 2014 e reeleger Dilma (ou Lula). Caso contrário, o caminho para a vitória do Aécio, apoiado na base mineira (e com ajuda da imprensa de direita e da crise internacional), estará aberto.
Do jornal O Tempo.
PT perde o rumo, e definição fica para a cúpula do partido
Isabella Lacerda e Larissa Arantes
Faltam três dias para o fim do prazo de registro de candidaturas na Justiça Eleitoral e o PT ainda não tem um rumo em Belo Horizonte. Ontem, a executiva estadual do partido decidiu acatar a decisão da direção municipal de romper com o prefeito Marcio Lacerda (PSB) e apoiar a candidatura própria.
No entanto, dois nomes pleiteiam a vaga: o vice-prefeito Roberto Carvalho - que, ontem, registrou sua candidatura no Tribunal Regional Eleitoral de Minas (TRE-MG) -, e o ex-prefeito e ex-ministro Patrus Ananias, considerado o único capaz de unificar a sigla.
Hoje, a executiva nacional petista, liderada pelo presidente nacional Rui Falcão, vai deliberar sobre o imbróglio que envolve a sucessão na capital. A reunião dos líderes nacionais abre espaço para mudanças.
A direção tem autonomia, inclusive, para reverter a decisão de lançar um nome petista e, como em 2008, intervir para que o PT participe da aliança com Lacerda. Outro caminho seria uma disputa na Justiça pela candidatura. Nenhum representante nacional da legenda foi encontrado para comentar a briga ontem.
A íntegra.