A foto abaixo, publicada e explicada no texto do Blog do Rovai, é o melhor símbolo desta eleição singular, em que uma presidente corre risco de não ser reeleita e um governo com grande aprovação popular corre risco de ser interrompido.
Como explicar que num momento em que a economia vai bem, há pleno emprego e distribuição de renda; em que milhões saíram da miséria, dezenas de milhões passaram a consumir, aumentam os investimentos em todos os setores sociais e há obras em todas as partes do país, como explicar, numa situação assim, que a oposição possa derrotar o governo?
Isso não existe!
Nos EUA, praticamente todos os presidentes foram reeleitos ao longo da história; o momento de "mudança" é depois do segundo mandato.
Nas democracias representativas, a oposição vence eleições em momentos de crise.
A situação do Brasil é muito diferente disso, é mesmo o oposto disso.
E não só é diferente: é virtuosa.
Nunca na história do país os brasileiros conheceram período tão grande de crescimento econômico com distribuição de renda. Nunca se fez tanta coisa em todas as áreas.
Comparado ao Brasil de 2014, o Brasil de FHC era uma república das bananas e o Brasil da ditadura uma colônia.
No entanto, tudo corre o risco de ser dissolvido se a maioria decidir pela "mudança".
Mudança para pior.
Mudança para voltar no tempo, a 2002, ao tempo dos tucanos.
Não há dúvida de que, apesar de todas as promessas, no poder o candidato tucano faria tudo diferente do que é feito hoje. Foi assim no governo de Minas, foi assim no governo FHC. As diferenças são simples, mas provocam mudanças profundas: o PT é favor da intervenção do Estado na economia para provocar crescimento e distribuir renda; o PSDB acha que a iniciativa privada é protagonista e o mercado resolve tudo.
É simples, mas é a diferença entre o emprego e a recessão, entre a renda e a miséria.
Para os ricos não muda muito, mas para os pobres, sim.
Num modelo e em outro, os capitalistas continuam lucrando, mas para os trabalhadores faz muita diferença ter emprego, ganhar mais, consumir, ter acesso a moradia, educação, saúde.
Voltando à foto: ela é emblemática porque a distância entre as realizações dos últimos 12 anos e o voto da maioria no próximo domingo -- repito que acredito na vitória da presidente Dilma -- é a distância entre o Brasil que existe e o Brasil que nos mostram.
O dono do Estadão que segura o cartaz de ódio contra a Venezuela pertence a uma minoria mínima que no entanto tem um poder absolutamente desproporcional para fazer barulho e influenciar a opinião pública, porque monopoliza televisões, rádios, jornais e revistas.
Essa minoria não só manipula informações e nos esconde o Brasil verdadeiro -- como mostram, só para citar dois exemplos de publicações de hoje neste blog, a entrevista da BBC com o ex-presidente FHC e a reportagem do Diário do Centro do Mundo sobre a estrada que o candidato tucano asfaltou para a família Marinho.
Essa minoria também estimula o ódio contra os pobres, contra os nordestinos, contra os trabalhadores, contra os "comunistas".
É uma minoria senil e anacrônica, cujo pensamento ficaria à vontade num hospício. Como levar a sério a pregação anticomunista na atual campanha, se o candidato a vice da oposição participou da luta armada e fez treinamento guerrilheiro?! Se o PT no poder faz um governo típico da social-democracia (que é o que prega no seu próprio nome o PSDB)?!
Corrupção? Aparelhamento do Estado? Na escola em que o PT aprendeu isso, tucanos e outros bichos são professores!!
E há várias gerações, porque seus privilégios passam de pai para filho há séculos.
Não admira que, quando Dilma e Lula mudaram o tom e passaram a denunciar os podres do candidato tucano, a imprensa logo passou à defensiva, criticando o baixo nível da campanha, dizendo que o povo não gosta disso etc. e tal.
Acusaram o golpe.
É claro: se o assunto é corrupção, eles são muito mais vulneráveis. Beneficiavam-se do fato de controlarem a "grande" imprensa, que só bate no governo do PT.
Mas o horário eleitoral gratuito e os debates são espaços "democráticos", iguais, que o PT, na defensiva, não estava aproveitando.
Quando Dilma revidou e também "bateu" no tucano, as mulheres gostaram, os pobres gostaram, os trabalhadores gostaram, os seus eleitores gostaram, porque ninguém gosta de apanhar calado.
Depois que Lula deu o exemplo de que um trabalhador pode ser um presidente melhor do que um "acadêmico", o povo não quer mais ser humilhado.
O apoio a Dilma cresceu.
E a "grande" imprensa mudou, passou a criticar o baixo nível "dos dois", passou a publicar que a população não aprova a "violência" da campanha.
Como?! Mas é a imprensa que dá munição para a violência e o baixo nível, há 12 anos!
É a "grande" imprensa que alimenta o ódio contra o governo do PT há 12 anos!
Agora é contra?!
"Baixo nível" só contra o governo? Só nos jornais, revistas, programas de rádio e tevê, nos jornais nacionais e canais de notícias?
Nos debates e programa eleitoral gratuito não pode não?
"Baixo nível" igual para os dois lados não pode não porque o candidato da oposição tem muito mais pontos fracos?
Não há nenhum motivo razoável para o ódio, para a violência, para a intolerância, para a confrontação no Brasil verdadeiro de hoje.
Ao contrário, deveríamos estar celebrando anos de prosperidade e democracia como só aconteceu antes nos anos JK.
Deveríamos estar discutindo problemas verdadeiros e sérios, como a destruição do ambiente e a deterioração das cidades provocadas pelo "desenvolvimento". Deveríamos estar discutindo a reorganização do crescimento econômico segundo parâmetros compatíveis com o século XXI, isto é, desenvolvimento com conservação e recuperação do ambiente.
No entanto, um pequeno grupo de privilegiados há séculos (o Estadão foi fundado no século XIX e seus donos vivem nele até hoje) prega o ódio contra o PT, contra os trabalhadores, contra os pobres, contra os nordestinos, contra a periferia, contra os venezuelanos, contra os médicos cubanos, contra a América Latina, contra os africanos...
E empurra o Brasil para trás.
Se a presidente Dilma perder, terá sido engolida pelo monstro. Se
vencer, terá de fazer o que não fez em quatro anos, nem Lula em oito:
destruí-lo.
A reforma mais urgente no país não é política, nem tributária, nem outra qualquer, é a democratização da comunicação.
Fernão Mesquita, dono do Estadão, manda Venezuela se foder em ato pró-Aécio
Por Renato Rovai, outubro 23, 2014 00:22
O senhor de média idade que segura o cartaz agressivo e odioso contra um país e um povo vizinho se chama Fernão Lara Mesquista, um dos filhos de Ruy Mesquista e sócios do grupo O Estado de S. Paulo.
A foto foi feita pelo Tutinha, dono da Jovem Pan, que a publicou no seu Instagram. E foi produzida hoje, no ato pró-Aécio, realizado no Largo da Batata, em São Paulo.
A atitude desse Mesquita não demonstra apenas o nível atual da mídia tradicional brasileira. Ela é mais reveladora. Mostra a que ponto o discurso de ódio e o vale tudo chegaram nessas eleições.
Também demonstra a que ponto o dono de um grande jornal e de uma grande rádio chegaram. Se um é capaz de ser o modelo de uma foto dessas e o outro que a realizou é capaz de divulgá-la no seu perfil de uma rede social, o que eles não são capazes de fazer com seus veículos para eleger o candidato que defendem.
A íntegra.