Nas capas das revistas semanais, o novo "caçador de marajás". Collor também foi ungido em 1989 e teve a imprensa como instrumento descarado de propaganda da sua candidatura. A "grande" imprensa se sustenta com publicidade dos governos, especialmente do governo federal.
Por que a mídia está tão empenhada em eleger Aécio?
Por Paulo Nogueira
Você pode se perguntar: por que a mídia apoia tão intensamente Aécio?
Uma visão mais romântica traria a seguinte resposta: porque há uma identidade entre a ideologia de Aécio e a dos donos das grandes companhias jornalísticas.
Mas a verdade é bem menos romântica.
Eleger Aécio, um amigo íntimo dos barões da imprensa, representa esplêndidas oportunidades econômicas.
Nada contra isso – não fosse o fato de que estas oportunidades são à base de dinheiro público.
Dinheiro seu, meu, de todos nós.
Primeiro, e acima de tudo, os bilhões da publicidade federal. Aqui, o PT cometeu um grande pecado, ao não fazer mudanças que beneficiassem a sociedade, e não perpetuassem privilégios de quatro ou cinco famílias.
No mundo dos negócios, você usa a expressão “base zero” para designar orçamentos que vão ser inteiramente refeitos.
Se isso fosse feito na publicidade federal, você se faria logo perguntas como a seguinte: faz sentido colocar 150 milhões de reais por ano no SBT?
O mesmo quadro, amplificado, se repete na Globo. São 600 milhões de reais que, no fim, sustentam um jornalismo feito para manter as raízes que fizeram do Brasil um campeão da desigualdade.
É uma das maiores ironias do jornalismo político nacional que personagens como Jabor, Merval e tantos outros do gênero sejam, indiretamente, pagos com dinheiro público.
A íntegra.