A tese é óbvia e serve ao partido da direita ("grande" imprensa), que quer o terceiro turno, isto é, o golpe.
Se tirarmos da conta os votos que foram manipulados pela "grande" imprensa, sobra uma minoria protofascista que faz barulho, mas não é numerosa.
A aprovação popular ao governo é muito maior do que os votos que Dilma teve.
Grande parte dos que querem mudanças não quer as mudanças que o candidato da oposição faria e a "grande" imprensa quer.
A eleição passou, o eleitorado só se pronunciará novamente daqui a quatro anos.
Até lá, a presidenta é Dilma, o governo é esse.
É assim que funciona a democracia, como reconhece até o Clube Militar.
A "grande" imprensa está à direita dos militares, que já foram convocados mais uma vez pelos protofascistas para voltar ao poder e rejeitaram.
Do blog Viomundo.
Conta de dividir
A soma dos votos em Dilma e Aécio leva a 105,5 milhões; logo, o que está dividido são os votos, não o país
por Janio de Freitas, na Folha de S. Paulo
Entre as incontáveis confusões propaladas a respeito da eleição presidencial, já se tornou lugar-comum a afirmação de que o Brasil dividiu-se ao meio. Afirmação que vem de antes da votação, induzida pelas pesquisas, e dada como definitiva e comprovada pela proximidade dos 51,64% de votos em Dilma e 48,36% em Aécio, ou 54,5 milhões para ela e 51 milhões para ele. Mas o tal país dividido em dois não existe. Ao menos no Brasil.
A soma dos votos em Dilma e Aécio leva a 105,5 milhões de eleitores, equivalentes à metade da população, também em número redondo, de 200 milhões. Logo, o que está dividido ao meio, ou quase, são os votos, não o país. No qual os 51 milhões de Aécio correspondem a 1/4 da população. O mesmo se dando com Dilma. E, portanto, nenhum deles dividindo o país em dois. Cada um é apenas metade da metade dos brasileiros. Além dos totais de eleitores que se aproximam, sobra outro tanto na população do Brasil.
Mas a ideia do país dividido ao meio, rachado, metade contra metade, é necessária. Como diz o velho slogan, “a luta continua” — tão consagrado quanto seu companheiro de derrotas “o povo unido jamais será vencido”. “Fora Lula”, “Fora PT”, “Fora Dilma” foram levados à urna por um símbolo físico, o símbolo que foi possível arranjar, nas circunstâncias ingratas.
Não sucumbem, porém, no desastre do seu representante ocasional. São uma ideia de força. E, mal a contagem concluíra, já um dublê de blogueiro e colunista político lançava, altissonante e global, o brado da beligerância: “O país está dividido e a culpa é do PT”. Beligerância ferida, sim, mas não de morte. Apenas no cotovelo.
Há que considerar ainda, na divisão do país, a quantidade imensa de eleitores que não se manifestaram por um nem por outro candidato. Os ausentes na votação foram 30,13 milhões. Os que anularam o voto, 5,21 milhões. Somados também os que deixaram o voto em branco, totalizam-se 37,27 milhões de eleitores. Ou 27,44% do eleitorado.
Excluídos os possíveis ausentes por morte, não é imaginável que esse povaréu, quase um quinto da população, seja desprovido de toda preferência com sentido político. A propaganda de divisão meio a meio os elimina do cômputo, mas existem e são comprovantes, também, do país multifacetado — como sempre.
A íntegra.