quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Advogado de réus absolvidos no "mensalão" diz que julgamento foi "festa degradante"

Em dobradinha com a imprensa golpista, STF virou instrumento político da direita que não vence eleições. A internet nos protege da "grande" imprensa, mas quem nos defenderá do STF, a instância superior da justiça?

Da Agência Carta Maior.
"Mensalão é a maior mentira já contada no país. E foi contada pelo STF"
Najla Passos
O advogado João dos Santos Gomes Filho tinha todos os motivos para só pensar em comemorações, ao deixar o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça (23/10/12). Com a confirmação da adoção do in dubio pro reo como critério de desempate, o ex-deputado e ex-presidente do Diretório Regional do PT no Pará, Paulo Rocha, que ele defendeu, foi absolvido da acusação por lavagem de dinheiro, a única que pesava contra ele no julgamento do "mensalão". Em etapa anterior, seu outro cliente, o ex-líder do governo na Câmara, deputado Professor Luizinho (PT-SP), foi absolvido por maioria da mesma imputação, e também a única contra ele.
João Gomes, no entanto, saiu se dizendo contrariado como cidadão. Homem de esquerda, embora sem filiação partidária, chegou a embargar a voz quando, questionado por Carta Maior sobre qual seria o legado deste julgamento, falou sobre os prejuízos impostos ao Partido dos Trabalhadores. "Eu, João dos Santos Gomes Filho, profissional, no patrocínio de dois apontados neste processo, saio absolutamente tranquilo em relação a eles: fez-se justiça. Mas o todo desta festa – absolutamente degradante – me machuca enquanto cidadão", desabafou.
Desde o início do julgamento, ele sempre demonstrou uma postura diferenciada da dos demais advogados, que optaram por defesas técnicas e comedidas. Em plenário, admitiu a prática do caixa dois e comprovou que cada centavo repassado pelo "valerioduto" a seus clientes ou supostos intermediários foram destinado ao pagamento de dívidas da campanha eleitoral. Sempre subiu o tom para criticar a teses adotadas pelos ministros que colocavam em risco as garantias individuais. "Não construímos heróis, não construímos mitos. Estamos manchando a nossa própria história. E eu estou a falar do garantismo, porque esta era a corte da garantia."
A íntegra.