Quem é contra o Wikileaks? Os governos que mandam no mundo, os políticos corruptos, as 147 empresas que controlam a economia mundial e... a SIP -- Sociedade Interamericana de Imprensa. Mas a SIP não defende a liberdade de imprensa? Não, defende a liberdade de empresa -- das oligarquias que controlam os veículos de comunicação no Continente. É exatamente o oposto. Essa gente não faz mais jornalismo, faz política. Isso explica por que o novo presidente da SIP, fiel à subserviência aos EUA, ataca o Wikileaks: porque o governo (de esquerda) do Equador ofereceu asilo a Julian Assange, fundador do Wikileaks, e lá, como aqui, a oligarquia da comunicação é contra o governo.
Da Agência Carta Maior.
Novo presidente da SIP ataca Assange em discurso de posse
Bia Barbosa
A 68ª Assembléia Geral da SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa) terminou nesta terça-feira (17/10) em São Paulo. Depois de cinco dias de muitos ataques dos donos e editores do principais jornais do continente às iniciativas de governos que buscam quebrar o monopólio dos meios de comunicação de massa na região, a SIP elegeu sua nova diretoria, que estará à frente da entidade por dois anos.
Apesar de não ter vindo a São Paulo, o novo presidente eleito foi o jornalista Jaime Mantilla Anderson, presidente executivo do jornal diário diario HOY, de Quito, o terceiro em circulação no Equador. Ele substitui o norte-americano Milton Coleman, ex-editor do The Washington Post, que presidiu os trabalhos da 68ª Assembléia Geral, e fez seu discurso de posse através de videoconferência.
Depois de declarar que assume a presidência "em um momento perigoso" para a imprensa na América Latina, em função de governos que "dificultam o livre trabalho jornalístico", Mantilla explicitou sua visão sobre jornalismo livre. E finalmente tocou em um assunto evitado durante todo o evento em São Paulo: a perseguição política sofrida por Julian Assange, fundador do Wikileaks, que pediu asilo na embaixada do Equador em Londres para evitar extradição a seu país de origem, onde corre o risco de um julgamento político em função das denúncias que fez contra inúmeros governos, sobretudo o dos Estados Unidos.
Eis sua visão dos fatos: "A imprensa independente no Equador continua acossada por um governo que, da porta pra fora, anuncia sua defesa irrestrita da liberdade de expressão de um indivíduo hábil e irresponsável que conseguiu informações de maneira fradudulenta, e a distribuiu em todo o mundo, revelando manobras obscuras de embaixadas e governos, em um ato que rompe as bases do jornalismo honesto, no Equador se desrespeita totalmente o direito humano de sonhar, se espressar e compartilhar diferentes visões da realidade", acusou Mantilla.
Inexplicavelmente, o ataque do novo presidente da SIP contra Julian Assange não apareceu na cobertura de nenhum grande veículo brasileiro presente ao evento.
A íntegra.