Agronegócio é o nome atual da velha monocultura de exportação, praticada no Brasil com trabalho escravo e ainda hoje. Também destrói o meio ambiente, porque bicho nenhum vive em lugar onde só tem um tipo de vegetação. Além disso usa agrotóxicos intensamente, contamina o solo e consome grandes quantidades de água. Enfim, é um desastre ambiental e social, mas gera muitos lucros e equilibra a balança comercial. E tem um dos lobbies mais poderosos no Congresso, só comparável ao dos jornais, revistas, rádios e tevês.
Do saite do MST.
Desigualdade rural persiste devido à opção pelo agronegócio, diz especialista
Por José Coutinho Júnior
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) lançou o Atlas do Espaço Rural Brasileiro, publicação que integra os dados do Censo Agropecuário 2006 com pesquisas sociais, populacionais, ambientais e econômicas. Segundo o Instituto, o objetivo da publicação é retratar a realidade territorial do campo brasileiro. Os dados referentes à educação no campo, tecnologia e modernização do meio rural brasileiro, uso dos recursos naturais e concentração de terras mostram um campo brasileiro desigual, no qual uma minoria segue privilegiada enquanto a maioria dos agricultores vive em situações precárias.
De acordo com José Juliano de Carvalho Filho, professor da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da USP e membro da Associação Brasileira da Reforma Agrária (Abra), "tudo isso ocorre porque o agronegócio é a opção econômica que o governo adotou para o campo".
Em entrevista à Página do MST, o professor comentou os dados apresentados pelo IBGE, e apontou que a realidade territorial do campo brasileiro é dura para os mais pobres. Confira a entrevista.
- A publicação destaca que a agropecuária é uma das atividades humanas que causam maior impacto sobre o ambiente natural. O pampa lidera a depredação, com 71% da sua área ocupada com estabelecimentos agropecuários, seguido pelo pantanal (69%), mata atlântica (66%) e cerrado (59%). Por que a produção agrícola tem este caráter predatório?
- O impacto negativo não é só na flora, mas também no controle privado dos bens naturais que esse modelo de produção exerce. É a opção brasileira, inclusive dos governos Lula e Dilma. Reinaldo Gonçalves (professor de economia da UFRJ) diz que temos uma "especialização retrógrada", pois o agronegócio é uma forma subalterna e marginal de entrar no mercado internacional. É preciso exportar commodities em grandes quantidades para equilibrar a balança comercial, o que dá muito poder aos latifundiários e faz o governo refém da bancada ruralista. Ao invés de produzirmos bens manufaturados, há apenas os primários: soja, carne, etanol. O impacto do agronegócio no meio ambiente é grande justamente por essa visão mercantil da terra e a influência ruralista grande, basta ver a aprovação do Código Florestal, que atendeu a diversos interesses ruralistas, e vai causar danos maiores no meio ambiente.
A íntegra.