Corrupção é isso, não é o que veja, Globo, Folha etc. acusam diariamente o governo federal de fazer.
A "grande" imprensa é o partido da direita, como admitiu em entrevista há mais de quatro anos a presidente da Associação Nacional de Jornais, mas não é só a imprensa, é toda a grande "mídia", os meios de comunicação, de entretenimento, as televisões (fora dos noticiários também), as rádios, as revistas e os jornais, o cinema.
Aécio não seria ninguém sem sua máquina de comunicação -- a do Estado, que ele usou nos 12 anos em que foi dono de Minas, e a privada, que o favorece porque ele é o seu candidato.
Dilma, Lula e o PT são o que são apesar dessa máquina, e seriam muito mais se ela não estivesse há 12 anos atacando-os diariamente.
A grande produtora de cinema brasileira é a Globo.
Além da maior emissora, do jornal, das revistas, das rádios, dos inúmeros canais de tevê a cabo, a Globo também controla o cinema "nacional".
E usa leis de incentivo à cultura, que é o mecanismo pelo qual as grandes empresas passaram a controlar a produção cultural brasileira.
Uma coisa é ter um projeto aprovado na lei de incentivo, outra coisa é captar dinheiro para produzir. Só produz quem as grandes empresas querem, pois são elas que selecionam os projetos nos quais vão pôr dinheiro.
Via leis de incentivo, as grandes empresas decidem o que os artistas brasileiros vão produzir e o que os brasileiros vão ver, ler, ouvir.
Quem acredita que os mecenas da cultura seguem critérios técnicos e artísticos é porque nunca tentou captar recursos para executar um projeto aprovado em lei de incentivo.
Nunca é demais lembrar que as grandes empresas não gastam um tostão em cultura, que todo o dinheiro que distribuem é renúncia fiscal do Estado, isto é, compensado em impostos que elas deixam de pagar.
Em outras palavras, é dinheiro de todos nós que pagamos impostos.
A palavra de ordem desta eleição é mudança.
Mudar é democratizar os meios de comunicação, quebrar o monopólio da Globo, possibilitar o acesso da população e da realidade brasileira aos veículos de comunicação.
Mudar é democratizar a distribuição de recursos para a produção cultural, retirar das grandes empresas o poder de decidir a cultura que vamos consumir e a arte que os artistas vão produzir.
Esta é a primeira questão sobre a qual o lançamento deste filme faz pensar.
A outra é sobre essa única bandeira da direita, que é denunciar a corrupção dos políticos.
Já passei da idade de ser ingênuo; é claro que essa campanha não é uma campanha idealista. Já passei também por uma longa experiência de ditadura para ser capaz de cheirar o autoritarismo de longe.
A direita faz isso para criar aversão aos políticos na população.
Por quê? Porque é a população que elege os vereadores, deputados e senadores, os prefeitos, governadores e o presidente.
Aversão aos políticos é aversão a nós mesmos, ela contém a ideia de que o povo não saber votar, uma vez que fomos nós que escolhemos esses "ladrões".
Se é assim, não é melhor uma outra solução, que exclua os políticos, as eleições e o povo, enfim?
Esta é mensagem dessa campanha diária de denúncia da corrupção dos políticos.
Note-se que em nenhum momento qualquer jornal, revista, televisão, rádio, filme diz que é preciso melhorar, que é preciso criar mecanismos de evitar a corrupção, que apesar dela é melhor a democracia do que a ditadura. Muito menos conclamam o povo a participar dos partidos, das decisões, dos governos.
Não fazem isso porque não querem melhorar nada -- não querem mudar nada; o que querem é criar o clima de desmoralização dos políticos, de aversão à política, de descrença no poder do povo, que é a essência da democracia.
Mudar é democratizar a política, é democratizar o poder, é eliminar o financiamento privado das campanhas, é retirar os incentivos financeiros para a prática da política, é acabar com os privilégios dos juízes e parlamentares, é aprimorar o combate à corrupção e à impunidade.
Do blog Luis Nassif Online.
Sociedade de consumo e o ovo da serpente do PT
Wilson Ferreira
Qual o significado de uma comédia brasileira chamada "O Candidato Honesto" (sobre um candidato à presidência popular, corrupto e mentiroso) ser lançada nos cinemas em plena reta final das eleições? Mais do que senso de oportunismo mercadológico, a produção surfa na onda da aversão popular à Política e o fenômeno da despolitização. A inclusão de grande parte dos brasileiros na sociedade de consumo implementada pelo neodesenvolvimentismo dos governos do PT parece mandar a conta: chocou o ovo da serpente que agora arma o bote. Sem educação política, a sociedade de consumo brasileira produz os efeitos ideológicos do próprio consumismo verificados desde o pós-guerra – ideologia meritocrática, ilusão de mobilidade social por meio do consumo de gadgets e aparatos tecnológicos, a competitividade e o ressentimento. Combustíveis para o discurso midiático da corrupção que ironicamente só cola no PT.
O cinema tem uma longa tradição de representar os políticos (assim como os jornalistas) como personagens corruptos, que abusam da autoridade e sempre metidos em narrativas conspiratórias de negociações obscuras ou figurados como fantoches de interesses inconfessáveis.
A comédia brasileira O Candidato Honesto, de Roberto Santucci, é o último exemplo desse clichê cinematográfico. Pelo oportunismo de ser lançado em plena reta final da campanha eleitoral, o filme se reveste de significado político inegável – o reforço de um sentimento anti-política alimentado pela oposição ao Governo Federal como arma de impedir a reeleição de Dilma Rouseff.
Leandro Hassum faz um candidato à presidência corrupto e mentiroso, mas com uma popularidade imensa e com ampla vantagem nas pesquisas. Quando tudo parecia perfeito, ele é comunicado que sua avó está à beira da morte e gostaria de vê-lo pela última vez.
A íntegra.