domingo, 7 de outubro de 2012

Patrus e o Atlético

O maior defeito do Atlético na temporada 2012 foi sua qualidade. Explico. Como o time tem uma qualidade muito além daquela que os atleticanos se acostumaram a ver desde 1999, tivemos a ilusão de ser campeões outra vez.
O Atlético 2012 não é um time com jeito de campeão -- time com jeito de campeão é o Fluminense, que vence de um a zero, mas vence; que vence roubado, mas vence; que empata quando devia perder; que ganha até quando o empate já seria um bom resultado. O Fluminense joga a continha do chá, coleciona pontos que deveriam ter sido perdidos, não brilha, não dá show -- mas vence.
Time campeão é assim. De nada adianta para o título sonhado pelos atleticanos a goleada sobre o Figueirense -- melhor seria distribuir os gols nos jogos em que eles faltaram: contra a Ponte Preta, contra o Náutico, contra o Grêmio, contra o Flamengo, contra a Portuguesa. 
No entanto, a noite de gala do Ronaldinho Gaúcho foi uma emoção que ficará para sempre na memória dos 18 mil atleticanos que foram ao Independência neste 6 de outubro de 2012. Assim como são inesquecíveis aquele gol de Jô em jogada de Bernard contra o Grêmio, no Olímpico, e aquela virada sensacional também sobre o Figueirense, em Florianópolis.
Esta temporada de 2012 é uma temporada para ser comemorada não pelo título, que mais uma vez provavelmente não virá, mas pelas alegrias que recuperou. Graças principalmente ao jovem Bernard e a Ronaldinho Gaúcho, que já entrou para a galeria dos craques do clube. Depois de muitos anos, os atleticanos têm novamente belas histórias para contar aos seus filhos.
De forma semelhante, a difícil eleição de hoje valerá por ter acordado o PT do pesadelo em que os belo-horizontinos viveram nos últimos quatro anos. Sim, porque nós, belo-horizontinos, é que vivemos o pesadelo, mas o PT é que acordou. Mesmo que Lacerda vença no primeiro turno -- será extraordinário se não vencer, pois tudo estava preparado para isso até três meses atrás, inclusive com apoio petista --, agora há oposição ao projeto de características protofascistas que os neoliberais tucanos implantam em Minas há dez anos.
É o que se espera: que o partido dos trabalhadores, mesmo perdendo a eleição, venha se juntar definitivamente aos movimentos da sociedade que resistiram ao prefeito nestes quatro anos e que desejam uma cidade sem cercas, em que os espaços públicos sejam do povo e não de grandes empresas que os alugam e cobram ingressos para seu uso, em que o interesse coletivo seja mais importante que o interesse particular e as autoridades não sejam meros gerentes dos negócios de empreiteiras e multinacionais.