A julgar pela qualidade do noticiário da velha imprensa mineira seus diretores e donos devem estar de férias e seus empregados aproveitando para fazer aquilo que deveriam fazer o ano inteiro: jornalismo. O mensalão do PT foi deixado de lado quando se chegou à sua origem: o mensalão tucano. Tentava-se (e tenta-se ainda) -- a velha imprensa protofascista e os políticos do PSDB, PFL-DEM e PPS -- passar a ideia de que a corrupção foi inventada pelo PT, que os demotucanos eram santos, quando na verdade a corrupção é sistêmica. Num país sem tradição democrática e com educação de péssima qualidade como o Brasil a corrupção deita e rola, faz parte da política. Empresas, estatais e privadas, financiam as campanhas dos políticos que retribuem com favores governamentais. Obras são superfaturadas e licitações arranjadas para que as empreiteiras ganhem muito dinheiro e reservem uma parte para partidos e políticos. O ex-prefeito de Belo Horizonte e atual ministro Pimentel não ganhou R$ 1 milhão da Fiemg e R$ 500 mil da construtora Convap dando consultorias, obviamente. Talvez não tenha sido também para enriquecimento pessoal e talvez nem tenha sido para sua campanha individual, mas do seu partido; dinheiro assim circula entre políticos e partidos viabilizando a corrompida política brasileira. Na matéria abaixo o deputado Antônio Júlio (PMDB) põe a nu o sistema, com constrangedora sinceridade. Em outra, exibe o recibo.
Do jornal Hoje em Dia.
Deputado admite ter recebido verba da "Lista de Furnas"
Peemedebista Antônio Júlio afirma que recebeu R$ 150 mil do ex-presidente da estatal Dimas Fabiano Toledo
Amália Goulart, 4/1/2012
O deputado estadual Antônio Júlio (PMDB) admitiu, na terça-feira (3/1/12), ao Hoje em Dia, que recebeu R$ 150 mil do ex-presidente da empresa Furnas Centrais Elétricas Dimas Fabiano Toledo. O nome do parlamentar consta da "Lista de Furnas", alvo de investigação do Ministério Público Federal. Esse é o primeiro deputado a assumir que conseguiu o recurso. Na época da divulgação da lista, em 2006, apenas o parlamentar Roberto Jefferson (PTB) confirmou ter participado da divisão do dinheiro da estatal. "Quem está falando que não recebeu, está mentindo. Eu recebi, sim. Mas o dinheiro não ficou comigo", afirmou Antônio Júlio. Segundo ele, na época da campanha eleitoral de 2002 Dimas Fabiano teria repassado, a seu pedido, R$ 150 mil ao hospital público da cidade de Três Pontas, no Sul de Minas, vizinha à região de Furnas. "Fui ao Rio de Janeiro. Eu, o Anderson Adauto e o doutor Grimaldi, que era do hospital e já morreu. Conversamos com Dimas, na época, ele era presidente de Furnas", contou o peemedebista. Anderson Adauto hoje é prefeito de Uberaba, no Triângulo mineiro, pelo PMDB. Ele não foi encontrado para comentar a denúncia do deputado. Na "Lista de Furnas" consta um repasse de R$ 200 mil a Adauto, que já era ministro dos Transportes do governo Lula. Ele e Antônio Júlio eram candidatos a deputado, quando teriam recebido o dinheiro. Antônio Júlio disse que pediu a verba para o hospital e não sabia a origem do dinheiro. "Fui intermediário", alegou. Quando questionado sobre a estranheza de uma estatal de energia liberar recursos a um hospital, o deputado disse que era normal. "Na época, eles (Furnas) sempre liberavam uma verba especial para a região", afirmou. "Neste aspecto, a 'Lista de Furnas' é verdadeira. Meu nome está lá com R$ 150 mil. Realmente, fui intermediário deste dinheiro", disse. A lista foi divulgada pelo lobista Nilton Monteiro, hoje preso em Minas Gerais. Ele também foi delator do "mensalão mineiro". No "caso Furnas", a denúncia foi a de que candidatos nas eleições de 2002 receberam dinheiro público, de empresas estatais, para arcar com as despesas da campanha eleitoral. Dimas Fabiano nega a autenticidade do documento. A Polícia Federal atestou a veracidade da sua assinatura. Corre no Rio de Janeiro uma investigação do Ministério Público Federal sobre o possível esquema de corrupção.
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