domingo, 22 de janeiro de 2012

As prioridades do Aécio e as contradições do PT

A crítica do texto abaixo diz o óbvio, mas que precisa ser repetido: o governo Aécio foi um governo medíocre, que jogou dinheiro público fora, não deu a mínima para as questões sociais e se sustentou na base do apoio da velha imprensa local e da propaganda intensa e milionária do "choque de gestão". Mas foi com esse governador que o PT se aliou em Belo Horizonte e agora quer se aliar de novo, destruindo a possibilidade de ser uma oposição de esquerda e alimentando a ideia falsa e autoritária de um pensamento único dos mineiros.

Do blog Amigos do Presidente Lula.
Quem nasceu para ser Aécio nunca será Brizola
Aécio Neves (PSDB/MG) escreveu um artigo na Folha de São Paulo, na segunda-feira, sobre a tragédia das chuvas, no qual pergunta a certa altura:
A pergunta que precisa ser feita a todo governante não é "por que não resolveu tudo antes?", mas, sim, se fez, no seu tempo, tudo o que estava ao seu alcance.
O objetivo do demo-tucano era atacar o governo federal, tirando a responsabilidade dele e de seu pupilo Anastasia (PSDB/MG) pelos alagões em Minas. Mas a melhor resposta à pergunta dele aparece nas fotos abaixo:


Prioridades de Aécio: R$ 1,5 bi em Centro Administrativo.
O gabinete do Palácio do Governador tem o tamanho de
5 quadras de volei e heliponto.
Perto dali, o abandono:
Mangabeiras sofre com deslizamentos,
e Brumadinho debaixo d'água.

Aécio foi um governador medíocre de Minas.


Atribuía como sua grande obra um tal de "choque de gestão". A velha imprensa local cobria de elogios falando das maravilhas do "choque de gestão". O povo não consegue ver que "maravilha" é essa que a velha imprensa tanto propagandeia. Com o "choque de gestão" o povo sente doer no bolso o alto ICMS sobre a conta de eletricidade e do telefone, sobre o IPVA de Minas (dos mais caros do Brasil). O professor da rede estadual sente doer no contra-cheque arrochado. O aluno sente na falta de professores de química, física e matemática. O enfermo no sucateamento dos hospitais públicos. O cidadão sente nas enchentes, por falta de planejamento habitacional e de infra-estrutura de drenagem. Enfim, é complicado para a biografia de um político passar oito anos governando um estado, e quando alguém lhe pergunta o que fez, só ter para responder "choque de gestão". Então Aécio precisava de um marco que ele pudesse chamar de seu. Sem luz própria, pensou em imitar JK, contratando o mesmo Oscar Niemeyer que projetou a Pampulha e Brasília, para projetar algo que pudesse ser um marco, um cartão postal. Leonel Brizola, quando foi governador do Rio de Janeiro, encontrou nas gavetas um projeto antigo para mudar a sede do governo e secretarias do centro da cidade para a Barra da Tijuca. Ficou engavetado. Preferiu encomendar ao mesmo Niemeyer projeto dos Brizolões (Cieps -- escolas de tempo integral). Entre eles, um é cartão postal: o Sambódromo. Fora do carnaval, aquilo que vemos na TV como camarotes são salas de aula para as crianças e adolescentes. O Rio nunca sentiu falta do centro administrativo que nunca foi feito até hoje, e ninguém cogita fazê-lo. Mas, o Rio não seria o mesmo sem o Sambódromo e sem os Ciepa (apesar do implacável boicote e ataque da elite ao projeto, capitaneada pelas Organizações Globo). Aécio poderia ter deixado sua marca encomendando a Niemeyer um grande centro escolar, ou um campus universitário, ou um centro hospitalar de referência, ou um belo conjunto habitacional para milhares de famílias que sairiam de áreas de risco. O tucano fez a pior escolha que poderia fazer. Em vez de seguir Leonel Brizola e construir algo que houvesse carência, como escola, hospital ou moradia, construiu um bilionário Centro Administrativo faraônico, que estava longe de ser prioridade. Se uma ou outra secretaria de estado estivesse mal instalada, uma reforma ou mudança pontual resolveria, sem a necessidade de mudar tudo. Como agravante, Aécio tem uma concepção errada da vida que pulsa em uma cidade. Enquanto a maioria das metrópoles mundiais fazem tudo para revitalizar sua área central, Aécio esvazia o centro de BH. Não adianta querer criar centros culturais lá, sem o vai-e-vem dos funcionários e transeuntes que trabalhavam no centro. São eles que ajudariam a dar vida e frequência aos centros culturais e ao comércio de rua. Sem esse movimento, o centro se esvazia, o comércio degrada, afastando a população cada vez mais acostumada a ir para os shoppings centers.
A íntegra.