Além de chuva, parece que este começo de 2012 só tem notícia policial. A estranha história da operação policial na cracolândia, em São Paulo. Governador, prefeito e comando da PM não sabiam de nada. Parece que, como nos tempos da ditadura militar, os governantes perderam o controle das polícias, que agem por conta própria.
Do Estadão.
Alckmin, Kassab e comando da PM não sabiam de início de ação na cracolândia Ocupação que deveria ocorrer em fevereiro, após abertura de centro de atendimento, foi antecipada após decisão do 2.º escalão
Marcelo Godoy
A Operação Cracolândia foi precipitada por uma decisão do segundo escalão da Polícia Militar (PM) e do governo do Estado. Há dois meses, a ação era planejada em alto nível. O governador Geraldo Alckmin (PSDB), o prefeito Gilberto Kassab (PSD) e as cúpulas da Segurança Pública, Assistência Social e Saúde das duas esferas de governo estavam acertando tudo para que o trabalho começasse em fevereiro, depois da abertura de um centro de atendimento com capacidade para 1,2 mil usuários de drogas na Rua Prates, no Bom Retiro. Eles queriam evitar, por exemplo, que os dependentes se espalhassem pela cidade depois do cerco à cracolândia. Outro objetivo era evitar que a operação focasse apenas políticas de segurança pública, ampliando-a para as pastas sociais. Até que na segunda-feira houve uma reunião de segundo escalão, na qual Luís Alberto Chaves de Oliveira, o Laco, coordenador de Políticas sobre Drogas da Secretaria de Estado da Justiça, disse ao coronel Pedro Borges, comandante da região central de São Paulo, que o governador queria a operação. O coronel disse que poderia fazê-la de imediato, pois tinha acabado de receber 60 homens da escola de soldados. Assim, na manhã de terça-feira, ele pôs o time em campo sem nem sequer avisar o Comando-Geral da PM, o governador e a Prefeitura. E acabou criando um mal estar entre os dois governos. No primeiro momento, só a PM participou. A Prefeitura achou que a Segurança Pública queria aparecer sozinha.
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