Do Blog da Kika Castro.
Tentativa de censura ao blog
Voltei da viagem de férias e encontrei uma surpresinha: uma  notificação extrajudicial de uma grande empreiteira, a Caparaó, pedindo  que tirássemos do ar o post "Novo Ataque à Serra do Curral", dizendo-se caluniada, e fazendo uma ameaça de processo judicial. Não é a primeira vez que recebemos ameaças do tipo, embora a outra interpelação tivesse vindo para um post ("Coronelismo no Ministério Público")  do meu blog anterior, o Tamos com Raiva. E parecia mais perigosa,  porque partiu de uma juíza federal. Mas respondemos a ela de forma bem  serena, mostrando que conhecemos os direitos constitucionais e que esse  negócio de retirar post do ar nada mais é do que uma censura moderna.  Também inspiramos a solidariedade de muitos, que a registraram num abaixo-assinado. A juíza desistiu de entrar com o processo e o post continua no ar até hoje, como permite a democracia. É claro que democracia implica responsabilidades e, se houvesse mesmo  calúnia ou difamação, teríamos que arcar com o problema. Diz a Caparaó: "Note-se que a matéria em questão, publicada por V. Sa., no blog em  epígrafe, contém informações sensacionalistas e apelativas, imputando  fatos falsos e infundados e terceiros, ofendendo a reputação, a  dignidade e à imagem das NOTIFICANTES" e mais adiante, que "as  informações são falsas e deturpadas", mas não se dá ao trabalho de  apontá-las e, muito menos, refutá-las. Reli atentamente o artigo agora questionado e não encontrei nele nada  além de fatos jornalísticos, análise, interpretação e opinião. No dia  em que não pudermos mais fazer isso, é hora de rasgar a Constituição e  passar o chapéu do Jornalismo, porque ele terá falido de vez. Nossos leitores podem ler e concluir sozinhos que o artigo que tanto incomoda à Caparaó não extrapola em nenhum momento o bom jornalismo. A notificação ainda surpreende mais ao dizer que o post foi publicado também em outro blog, chamado Terrorismo Branco, e exigir que a gente exclua o artigo dos dois blogs! Ora, na verdade, diversos blogs  republicaram este post, além daquele, sem comunicar ao autor (porque  essa é uma prática comum na blogosfera e que a torna tão especial). E,  claro, respeitamos o direito de todos eles de manter o post no ar. Os dois jornalistas notificados pela Caparaó não somos do tipo que  escreve só o que os poderosos querem ouvir (como o faz a revista  Encontro, que criticamos naquele post). Nem do tipo que abaixa a cabeça  na primeira tentativa de coação dos que se sentiram incomodados pela  divulgação de certos fatos e análises. Respeitamos nossos leitores e  somos apaixonados pela nossa profissão. Responderemos por aqui aos notificantes e aos seus advogados: se a  empresa quiser se manifestar com um novo artigo, com até o mesmo tamanho  que o anterior, não nos objetamos de forma alguma a publicá-lo – até  porque respeitamos a inteligência do leitor, que pode ler os dois textos  e concluir o que quiser. No entanto, não vamos retirar o artigo do ar de modo algum,  porque isso é submissão a uma censura que nunca deveria existir numa  democracia e com a qual não concordamos*. E duvido que algum juiz de bom  senso também concorde com isso.

Obrigada pelo apoio, Carlos! abraços,
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