Não demora. Quem sabe ainda na gestão Lacerda? Quem sabe ele entrega mais essa "obra"? A lagoa já está longe de ser o que foi, lagoa de água limpa, para esportes náuticos, pescaria, lazer. Virou uma lagoa esgoto, outro Rio Arrudas. Está assoreando aceleradamente. Em vez de reverter esse quadro, há alguns anos, a prefeitura criou um "parque ecológico" -- e o nome não é uma ironia -- numa parte que secou. Para limpar a lagoa e tratar sua água não tem dinheiro. É surpreendente que o prefeito Márcio Lacerda, que está vendendo todas as áreas públicas municipais, não tenha tido a iniciativa ainda de vender um pedaço da lagoa para construção de um hotel para a copa de 2014. Fala-se tanto nos "ganhos da copa", na obras que ficarão para a cidade, por que então a limpeza da lagoa não foi incluída como projeto prioritário? Belo Horizonte não tem "atração turística" maior do que a Pampulha. Era a hora de fazer e oferecer aos "milhares de turistas" que nos visitarão um lugar único e especial. Aproveitar a copa para gerar benefícios para a cidade (e sua população -- é, em Belo Horizonte mora gente, embora Aécio Anastasia e Lacerda não saibam) é isso. A lógica do neoliberalismo capiau, o "choque de gestão", no entanto é outra: meio ambiente é luxo, terra é para construir, cultura não tem utilidade, espaço público é para "evento" lucrativo... O que JK, sempre citado em discursos, diria dessa gente medíocre e de visão curta?
Do Hoje em Dia.
Lagoa mais assoreada após período chuvoso
Baixa das águas expõe sedimentos e dano ambiental na Pampulha
Bruno Carvalho, 17/1/2012
A paisagem de cartão-postal da Lagoa da Pampulha se transformou depois do período de estiagem, nos últimos dias. Turistas e moradores de Belo Horizonte se assustaram com o nível de assoreamento. Em alguns locais, o espelho d’água secou e grandes extensões de terra e entulho expuseram a dimensão do problema. Hoje, há cerca de 750 mil metros cúbicos de sedimentos na represa. Para a retirada de todo esse material, seriam necessários cerca de 37.500 caminhões, segundo a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap). O acúmulo de detritos é maior nas partes mais rasas, nas bordas da lagoa, em áreas cuja profundidade vai até dois metros. O presidente da Associação Amigos da Pampulha, Flávio Marcus Ribeiro de Campos, afirma que uma redução no nível da lagoa fez aparecer o dano ambiental. "Hoje a gente vê que o espelho d’água é de apenas 15 centímetros. A lagoa se transformou em quatro ou cinco lagoas independentes, devido ao assoreamento", diz. (...) O coordenador do Laboratório de Gestão Ambiental de Reservatórios da Universidade Federal de Minas Gerais, Ricardo Motta Pinto Coelho, avalia que são necessárias ações integradas. "Com R$ 140 milhões seria possível e, com folga, fazer a recuperação e despoluição da lagoa. Mas o dinheiro tem que ser empregado em saneamento, não em obras viárias ou habitação, como já aconteceu", diz.
A íntegra.