É Manuela, a bela. E competente. Jovem. Do PCdoB. Está no segundo mandato na Câmara federal e lidera as pesquisas de intenção de voto. Vai enfrentar o PT. Uma das características da eleição deste ano é que partidos como o PCdoB e o PSB estão se descolando do PT, do qual eram aliados tradicionais. Procuram espaço próprio. O PCdoB já teve candidata própria para a prefeitura de Belo Horizonte em 2008, quando o PT abriu mão de lançar candidato e apoiou o atual prefeito Lacerda, do PSB, em aliança com seu inimigo figadal, o PSDB, opção que tende a ser repetir este ano. O PCdoB, por sua vez, faz suas próprias alianças e já definiu apoio a Lacerda em BH em troca de apoio ao seu candidato em Contagem -- contra o PT. Essa desunião de aliados tradicionais nas esquerdas se originou no próprio PT, que optou pela aliança preferencial com o PMDB, o maior partido do País e que lhe garante "governabilidade". Nem PSB nem PCdoB, no entanto, são santos, basta pensar na administração desastrosa de Lacerda em Belo Horizonte e na esdrúxula aliança do PCdoB com o agronegócio, que teve como vítima o ambiente, na elaboração do novo Código Florestal (sem falar na aliança com a CBF e a Fifa -- entidades notoriamente envolvidas em corrupção -- para realização da Copa de 2014). De qualquer forma, a situação do eleitorado porto-alegrense é muito melhor do que a do belo-horizontino. O PT local, que tem o governador Tarso Genro, eleito no primeiro turno em 2010, ao contrário do PT mineiro, tem orgulho da sua autonomia e lançará candidato próprio à prefeitura da capital gaúcha.
Da revista Época (uma estranha entrevista sem título):
Manuela D'Ávila - Na Câmara tive a oportunidade de ampliar minha visão do Brasil e participei ativamente da Comissão de Direitos Humanos. Já tenho uma boa experiência legislativa. Agora, quero botar a mão na massa. No poder executivo as coisas andam mais rápido. Os projetos são elaborados e executados, não ficam parados no plenário. (...) Já estamos coligados ao PSB. Agora, estamos conversando com outros seis partidos: o PV, PR, PRB, PPR, PSD e PP. O PCdoB não é um partido grande e sabemos bem das necessidades dos menores. (...) Conversamos exaustivamente com o PT. Mas as coisas, infelizmente, não saíram conforme havíamos planejado nos anos anteriores. Somo aliados antigos. Mas é legítimo que eles tenham um candidato próprio. Não partirá de mim atacá-los por isso. Minha campanha não será baseada em desqualicar adversários, mas em apontar um novo projeto para a cidade. Porto Alegre sempre foi pioneira. Nos anos cinquenta, quando pouco se falava em acesso universal à educação pública, lançamos as bases para que isso se desse. Porto Alegre também foi a primeira capital a ter um plano diretor e a contar com a participação popular na gestão da cidade. Agora, estamos com uma administração atrasada e índices socioeconômicos abaixo do desejado. Não conseguimos financiamento para obras públicas porque atrasamos no envio de projetos. (...) Tenho 200 técnicos engajados em elaborar comigo um programa de governo. Eles são profissionais que não têm vínculo com o partido, mas conhecem muito bem cada um dos setores públicos e enxergam de dentro suas deficiências. Todas as segundas-feiras, a partir de 26 de janeiro, vou me reunir com eles e minha equipe para elaborar em conjunto um plano bem detalhado. Aos sábados, vou visitar comunidades e diferentes regiões da cidade para ouvir dos cidadãos suas demandas. Nossa ênfase é melhorar a gestão e o planejamento. As pessoas querem seguir adiante com suas vidas sem grande ingerência do poder público. Mas, para isso, dependem que setores como mobilidade urbana e educação, por exemplo, sejam bem administradas pela prefeitura.
A íntegra.