quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Mais provas de que o STF julga o "mensalão" contra as provas do processo

No tempo em que a "grande" imprensa era realmente grande, quem fazia isso era repórter. Agora, foi preciso que um deputado petista fosse checar se o que o ministro Joaquim Barbosa está dizendo corresponde à verdade -- e não corresponde: deputados acusados de terem sido comprados não seguiram a orientação do governo! Pelo menos o jornalista da Folha publicou, o que, na situação atual, em que toda a "grande" imprensa deturpa os fatos, já é muito. Esse trabalho jornalístico elementar a "grande" imprensa, na sua oposição ao governo Lula e afã de condenar os petistas, não faz mais. Por isso o julgamento é político e não tem nada a ver com os crimes, que não são de pagar deputado para votar com o governo, mas sim de caixa 2 de campanha, coisa que todos os partidos fazem, por isso não faria sentido condenar o PT, seria preciso condenar todos os partidos, de situação e oposição... O erro do PT foi usar os métidos dos partidos do capital, pensando que um partido dos trabalhadores ficaria impune.

Do Blog do Josias, na Folha de S. Paulo. 
Petista faz pesquisa nos arquivos da Câmara para contestar compra de votos do mensalão 
Josias de Souza, 3/10/12
Ex-líder de Lula e de Dilma Rousseff, Cândido Vaccarezza (PT-SP) decidiu buscar nos arquivos da Câmara elementos para refutar o entendimento do STF de que houve compra de votos de deputados no primeiro governo petista.
O deputado iniciou seu levantamento pela proposta de emenda constitucional de reforma da Previdência. Foi votada pela Câmara no segundo semestre de 2003, primeiro ano do governo Lula. Nessa mesma época aprovou-se uma proposta de reforma tributária.Servindo-se de cifras citadas na denúncia da Procuradoria, Barbosa anotou no seu voto que, em datas próximas aos dias das votações, o esquema operado por Marcos Valério molhou as mãos de deputados aliciados com R$ 14,8 milhões.
Vaccarezza recuperou no Diário da Câmara a transcrição dos discursos da sessão de 14 de agosto de 2003. Constatou que o PTB de Roberto Jefferson divergiu do governo num “ponto crucial” da reforma previdenciária.
Discutia-se a fixação de um teto para a remuneração de servidores públicos. Não poderia exceder o salário dos ministros do STF. A regra valeria inclusive para detentores de mandatos eletivos.
Abrangente, a proposta anotava que "proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal…"
O PTB torceu o nariz para a expressão "vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza". O partido entendeu que, aprovada a proposta, os deputados perderiam o direito de receber verbas para o custeio de despesas dos seus gabinetes.
Em nome da bancada do PTB, Nelson Marquezelli (SP), vice-líder da legenda na Câmara, apresentou uma emenda. No jargão legislativo, serviu-se de um DVS (destaque para votação em separado). Previa a supressão da expressão "ou de qualquer natureza".
Relator do projeto, José Pimentel (PT-CE) informou que as verbas indenizatórias dos parlamentares não seriam podadas. "Ora, se não nos afeta, vamos retirar essa expressão", discursou Marquezelli.
Em nome da bancada do PL (hoje rebatizado de PR), foi ao microfone o então deputado Bispo Rodrigues (RJ), um dos condenados no julgamento do mensalão. Ele liberou seus liderados para votar como bem entendessem.
"Quero dizer aqui que não sou líder de criança alguma", disse Bispo Rodrigues. "O mais bobinho aqui é deputado e chegou à Casa graças à sua capacidade. E cada um sabe o que é melhor para si. Portanto, vamos liberar a bancada. Que cada um vote com a sua consciência e seja senhor das consequências do seu voto."
Roberto Jefferson, outro réu já condenado pelo Supremo, também discursou. Disse que havia alertado sua bancada para o fato de que o risco de corte das verbas dos deputados seria tratado pelos demais partidos com "farisaísmo".
Jefferson foi contra a apresentação da emenda. Mas rendeu-se à vontade da maioria de sua bancada. "Essa não é uma questão do PTB, é uma questão da Câmara como um todo", declarou ele na sessão. "[…] Eu disse à minha bancada que, pessoalmente, preferia jogar no farisaísmo. Por que não aparecer de cara boa no retrato amanhã? Só o PTB vai apanhar? Só eu vou apanhar?…"
Levada a voto, a emenda do PTB foi rejeitada. Prevaleceu o texto do governo. Mas Vaccarezza afirma que, se estivessem comprados, os deputados do PTB não teriam apresentado a emenda. E o líder do ex-PL não teria liberado sua bancada.
A íntegra.