Do saite Outras Palavras.
Para desvendar as novas formas de política
Pesquisadora da Escola do Futuro provoca: juventude é engajada, solidária e generosa; educação é que parou na era industrial
Entrevista a Jô Húngaro
Alguns clichês insinuam-se sempre, quando se debate – entre a chamada “classe média” – o cenário da participação política no Brasil. "O país está apático". "A juventude não sai às ruas". "Os movimentos sociais foram cooptados", afirma-se. Quase sempre agregam-se queixas sobre o "baixo nível do ensino", atestado pelo mal desempenho dos estudantes brasileiros em testes que avaliam certas habilidades consideradas essenciais.
Será mesmo verdade? Para a pesquisadora e webativista Drica Guzzi, que atua na Escola de Futuro da USP e coordenou projetos como Acessa Escola, Acessa SP e a rede de formação do Telecentros.BR, quem sustenta os pontos de vista acima está olhando o mundo com óculos errados; não compreendeu que, em face de mudanças civilizacionais profundas, também Política, Comunicação, Cidadania e Educação precisam ser pensadas em outras bases.
Entre as relações humanas que se transmutam, argumenta Drica, estão o próprio pertencimento a grupos sociais e a cooperação – essenciais à natureza humana, como lembrou Ricardo Abramovay, um dos entrevistados desta série. Antes das comunicações globais em rede, o universo de opções para a solidariedade era limitado: uma família, uma empresa, uma igreja, um partido político, um sindicato. Mas que terá mudado, no comportamento dos indivíduos e sociedades, a partir do momento em que se tornou possível participar de redes mundiais para desenvolver um software, construir um verbete complexo na Wikipedia, organizar um novo movimento social ou produzir e enviar este texto a você?
A íntegra.