segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Falha ensina jornalismo à Folha

O rapaz é artista. Mais uma vez velha imprensa e velhos paulistanos (de cabeça, não de idade, necessariamente) demonstram seus preconceitos e intolerância.

Do blog Desculpe a nossa falha, ex-Falha de S. Paulo.
Exclusivo: Conheça o ciclista que "tomou um dedo" na capa da Folha e veja foto inédita da cena

No alto, a imagem que revela o contraplano da foto que foi capa da Folha (embaixo)

A cena é forte. Uma senhora mostra o dedo médio para um rapaz de bicicleta, sem camisa, que parece lhe pedir calma. Foto de capa da Folha de S.Paulo da última sexta-feira (25/11), a imagem era da passeata dos estudantes na USP na avenida Paulista que havia acontecido no dia anterior. Mais de 5 mil pessoas tomaram a via para pedir, entre outras reivindicações, a saída da PM do Campus e o afastamento do reitor João Grandino Rodas. A imagem espalhou-se pela internet rapidamente e retrata, de certa forma, o racha na cidade em torno dessa discussão que mistura estudantes da USP, invasão da reitoria, liberdade, polícia e preconceito. A fAlha achou Guilherme Folco, protagonista da foto. Recebemos também outra foto, de autoria desconhecida, que revela o outro lado da cena. É exatamente o mesmo momento da foto de capa da Folha, mas de outro ângulo. O músico, produtor e artista circense Guilherme, 32 anos, nasceu e foi criado na Mooca. E, diferentemente do que a Folha disse, não é estudante da USP, mas acha a discussão importante e por isso foi lá. Guilherme também trabalha, ao contrário do que afirmam centenas de comentários na internet – apesar de que, na opinião deste blog, o fato de a pessoa trabalhar ou não nada tem a ver com seu direito de protestar. A seguir, os melhores momentos da conversa com o homem.

- Você pode descrever o que acontecia naquele momento da foto?
- Ela já estava mostrando o dedo geral, antes da minha chegada. Quando vi ela assim xingando todo mundo fui lá explicar que se tratava de um protesto para pedir a mudança do reitor, que falta diálogo com a reitoria, que o orçamento de R$ 3,6 bilhões da USP é suficiente para garantir a segurança sem depender da PM… Enfim, ela não escutou e só gritava "Vocês só querem fumar maconha, não querem estudar! Têm que sair e dar a vez pra outro!”. Fiquei mal de ver como é tão superficial o pensamento geral… eu só queria falar que ela estava equivocada, sendo mal influenciada… eu tentava argumentar que aquilo não era um "ato de vagabundo que queria fumar cannabis", como ela dizia, aos gritos loucos.
- Você protestava pelo direito de poder fumar maconha livremente na USP, como disse aquela senhora e tantos outros?
- Não, imagina… Não dá pra termos uma lei dentro e outra fora do Campus. Mas acho que a descriminalização é o futuro, diminuiria ou resolveria o problema. O mundo todo está voltado para uma nova visão na questão das drogas, o plantio caseiro reduziria o poder do tráfico, há muitos políticos falando disso. Mas essa é uma outra discussão.
- Você é filiado a algum partido político?
- Não! Brasil unido governa sem partido [repete uma das palavras de ordem da manifestação]. A corrupção começa com os partidos políticos e o financiamento de campanhas. Sou pela diminuição do Legislativo. Esse sistema bilionário de assessores, verbas e imunidade parlamentar não é eficiente e tem que mudar já!
- Se você não é estudante da USP, por que foi no ato?
- Passei ali perto por acaso, conhecia a questão e acabei indo. Acho uma causa nobre sim! Diferente da maioria dos paulistanos… Fui no protesto contra o código florestal e Belo Monte, sou contra a corrupção do sr. Kassab na Prefeitura… Estamos vivendo um caos no Brasil e no mundo, não falta motivo para protestar: tem problema no preparo da Copa, quedas de ministros, um coronel assassino no massacre do Carandiru assumindo o comando da Rota… Estamos perdidos e a população não tem coragem de fazer nada, só fica acomodada assistindo suas TVs criticando quem está nas ruas tentando mudar algo. Lamentável.
A íntegra.