Comunique-se é confuso, mas procura manter o princípio de dar voz a todos os lados. Faria bem se reproduzisse o depoimento da estudante de comunicação que cobria a ocupação para o jornal laboratório da ECA, mas este posicionamento do Leandro Forte, que põe os pingos nos is, também vale. A fragilidade da democracia (na qual imprensa livre e imparcial é valor fundamental) no Brasil é impressionante e fica evidente nas atitudes dos jornalistas da velha imprensa no episódio. Eles se confundem, por hábito, com as autoridades -- a PM, neste caso. É como se dissessem: as vítimas têm que se comportar direitinho para serem respeitadas, já a polícia admite-se que cometa excessos, como sempre. Revelam também preconceituosos ("maconheiros", "mimados"). Tudo isso resulta em cobertura ruim e deturpada, como a da Globo, que "informou" que tudo aconteceu em calma, na mais perfeita ordem, sem violência bla-bla-bla. É verdeira imprensa oficial..
Do Comunique-se.
Colunista da Carta Capital apoia estudantes que ocuparam reitoria da USP
O jornalista Leandro Fortes mostra-se favorável à manifestação de estudantes que ocuparam por sete dias o prédio da reitoria da USP. Ao afirmar que é contra a presença da Polícia Militar dentro do Campus da universidade, o profissional, que é colunista da revista Carta Capital, também criticou a postura adotada por alguns veículos de comunicação, que discordaram da atitude dos alunos. Fortes divulgou, seu perfil no Facebook, que quando uma manifestação é "convocada" pela mídia, os "mauricinhos e patricinhas" que participam delas são vistos como heróis, ao contrário do episódio na USP, que são citados como "maconheiros mimados". A ocupação da reitoria da USP aconteceu após alguns estudantes da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) se revoltarem com a presença da polícia, que prendeu três alunos por porte de drogas. Entre diversas mensagens de elogios à mensagem publicada pelo colunista da Carta Capital, algumas pessoas discordaram do pensamento do jornalista. Ao ler que a PM só deveria entrar no campus para estudar, um internauta foi direto ao postar que os estudantes também só deveriam ir à universidade para estudar. Outro usuário da rede social preferiu divulgar o link da matéria do UOL sobre a morte de um aluno dentro da USP, o que motivou a presença da polícia no local.
A mensagem de Leandro Fortes
Mauricinhos e patricinhas, quando atendem à convocação da mídia para marchar contra a corrupção, tornam-se, de imediato, heróis da pátria, filhos dourados de uma elite subitamente mortificada com casos curiosamente já investigados pelo aparato do Estado. Mas, quando os mesmos mauricinhos e patricinhas decidem invadir a reitoria da USP para lutar pelo direito de não ter a Gestapo no encalço, os mesmíssimos colunistas do noticiário e mensageiros da fé pura do Facebook passam a chamá-los de maconheiros mimados. Pois eu estou com os meninos da USP. PM só deve entrar em campus universitário se for para estudar.