Desaparecidos, mas não olvidados
Maria Victoria de Mesquita BenevidesDe todos os livros que já li sobre esse período de horror, este é o que mais me emocionou. Lembro-me de ter visto o rosto devastado de K. na Cúria Metropolitana, quando ficou até amigo de dom Paulo Evaristo. Minha emoção ao ler K. é primeiro de compaixão (solidariedade com a dor), depois de enorme raiva e indignação... pela indiferença de tantos; pela hipocrisia de alguns rabinos que negaram apoio à "impura" (!); pelo "perdão" aos torturadores e demais responsáveis, garantido pelo STF; pela canalhice dos que, até hoje, martirizam a família com "informações"; pelo papel repugnante da USP, que demitiu a professora por "abandono do emprego"; pelos políticos que têm ojeriza do tema porque não dá voto – pode até tirar; pelos "ex-combatentes" que falam não querer revanchismo... a lista é longa.