Construção de Belo Monte é cercada de conflitos e as manifestações menos importantes são das celebridades globais. Além de indígenas e populações ribeirinhas contrários às obras, os operários contratados pelo consórcio liderado pela empreiteira Andrade Gutierrez protestam contra o não cumprimento dos compromissos assumidos.
Contra Belo Monte! Pelo decrescimento!
Do blog do Movimento Xingu Vivo.
Trabalhadores paralisam Belo Monte; indígenas dão ultimato a Norte Energia
Cerca de dois mil trabalhadores cruzaram novamente os braços desde a manhã de sexta-feira (25/11/11), no canteiro Belo Monte, principal obra da construção da usina hidrelétrica na região de Altamira (PA). O Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM), responsável pelo empreendimento havia se comprometido a responder as 16 reivindicações dos trabalhadores ontem, dia 24. Esta é a segunda paralisação no mês de novembro. "A única resposta que tivemos foi a demissão dos maranhenses", comenta M., um dos trabalhadores. "E pra piorar, tivemos a notícia de que nem recesso de Natal nós teremos", explica. Segundo os operários, durante o processo de contratação, a empresa havia acordado a realizar não só a liberação no final do ano, como também permitir a "baixada" – retorno dos trabalhadores a suas casas de origem – de três em três meses. No entanto, ao chegarem no canteiro, o CCBM os informou de que a volta só aconteceria de seis em seis meses. Afora isso, desvios de função, assédio moral, más condições de trabalho e transporte, comida estragada e não-pagamento de horas extras estão entre as reclamações trabalhistas. Sob pressão, a empresa se comprometeu a receber os trabalhadores e a pauta de reivindicações na segunda-feira (28). O Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada (Sintrapav) garantiu que acompanhará o encontro. Enquanto ocorria a greve, os povos indígenas reunidos na Casa do Índio, em Altamira, deram um ultimato à concessionária Norte Energia, responsável pela barragem. "Estamos cansados de ser tratados como idiotas. As oitivas não aconteceram e as condicionantes não estão sendo cumpridas", denunciaram lideranças Xipaya, Xikrin, Juruna, Kuruaya, Arawete e Assurini durante reunião frustrada com a concessionária, Funai e Mistério Público Federal. Lideranças e guerreiros dos povos de todo o Médio Xingu devem chegar na Casa do Índio no decurso da semana.
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