O Comunique-se é um bom informativo sobre imprensa, mas tem alguns defeitos típicos da velha imprensa brasileira: não distingue jornalista empregado de jornalista patrão, todos são "coleguinhas". E é corporativista: os "coleguinhas" sempre têm razão. Se fosse imparcial e tivesse interesse na verdade, deveria se perguntar por que os estudantes (assim como outros setores populares) tratam profissionais da velha imprensa desse jeito. No comentário do repórter do Lance há um evidente rancor de quem pagou universidade particular contra estudantes de uma universidade pública. "Dá pra ver" também seu caráter, ao chamar os estudantes de "imbecis": quantas vezes será que o corajoso repórter se referiu a policiais e autoridades assim? Sobre o repórter da Rádio Capital nem é preciso comentar nada: profissional que chama manifestantes de "baderneiros" é evidentemente porta-voz da direita fascistoide. O comentarista da ESPN (?) fez uma piada sem graça também preconceituosa. Não é papel de repórter defender um lado ou outro quando cobre um conflito, mas quando se sensibiliza com o lado mais fraco demonstra caráter. Quando, ao contrário, faz coro com os opressores, não tem do que se orgulhar e não faz jornalismo: faz divulgação institucional. Enfim, vê-se no caso mais uma vez o velho jornalismo oficial da velha imprensa. No fim das contas, o assunto principal, que é a violência policial, fica em segundo plano: violentos são os estudantes!
Do Comunique-se.
Jornalistas criticam agressão de estudantes da USP contra profissionais da imprensa
Anderson Scardoelli
Jornalistas repudiam a atitude de estudantes da USP que agrediram repórteres e cinegrafistas na noite de segunda-feira (7/11) dentro do campus. A imprensa estava na universidade, localizada na zona oeste de São Paulo, para acompanhar a assembleia realizada por membros da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Sociais (FFLCH), que ocupavam o prédio da reitoria desde a última quarta-feira (2/11). Após o episódio envolvendo profissionais da mídia, seguido da desocupação da reitoria da USP, o repórter da Rádio Capital, Rogério Gama, definiu como "baderneiros" os estudantes que participaram da manifestação -- que começou após três alunos serem detidos pela polícia por porte de drogas. O comentarista da ESPN, Gian Oddi, foi irônico, ao mencionar que se a ocupação continuasse, seria necessário chamar a Supernanny. Cursando o último semestre de jornalismo, Fernando Guifer, que passou pelo diário Lance, criticou quem procura selecionar apenas estudantes da USP. "Uma salva de palmas a todos editores, gerentes, diretores, coordenadores, veículos e empresas de recrutamento que contratam só quem tem USP no curriculo. Dá para ver o grau de inteligência desse bando de imbecis apedrejando jornalistas e brigando por causa alguma. Depois do episódio, um aluno da USP que se identificou como Eduardo criticou a agressão contra os jornalistas. "Sobre o infeliz acontecimento, há um colega de vocês que há alguns dias está vindo aqui, diariamente, e enfrentando alguns estudantes. Os ânimos estão alterados, até por conta de informes que chegam de reintegração (de posse). É triste o confronto, de fato. Há iniciativas isoladas de estudantes que infelizmente se submetem a provocações de pessoas que não respeitam o trabalho da imprensa e muito menos o espaço de estudantes".
A íntegra.