Onde se lê São Paulo, pode-se ler também Minas Gerais.
Do Blog da Cidadania.
Grandes operações da PM de SP não são contra bandidos
Nas primeiras horas da última terça-feira, um efetivo de 400 policiais militares de São Paulo usou 50 veículos, dois helicópteros e um pequeno exército de jornalistas apoiadores para prender cerca de 70 garotos e garotas magrelos que ocupavam a reitoria da USP armados com livros e cadernos de alto calibre. Foram quase seis policiais militares para cada estudante. Armados com fuzis, escopetas, bombas e o que mais se puder imaginar em termos de armamento pesado, a operação em tela foi uma das maiores que a Polícia Militar de São Paulo empreendeu neste ano. Cada um dos parrudos policiais militares armados até os dentes que se envolveram naquela operação teria condições de render, agora sim, pelo menos seis manifestantes. As raras grandes operações que a polícia militarizada de São Paulo faz no estado são sempre contra cidadãos rebelados, sim, mas que não são bandidos. Quem buscar na internet alguma operação desse porte contra o crime organizado ou desorganizado só encontrará operações de reintegração de posse ou de repressão a manifestações de rua. Enquanto polícia como a do Rio de Janeiro empreende ocupações de favelas, trocando tiros com criminosos fortemente armados e de altíssima periculosidade, a polícia paulista só investe contra famílias para retirá-las de habitações precárias que se equilibram em terrenos de grandes empresas ou de multimilionários, ou então contra manifestações legítimas da sociedade civil. Quando se fala em operações policiais de porte em São Paulo, vêm à mente as reintegrações de posse que colocam mulheres, crianças e velhos pobres com seus móveis, roupas e utensílios domésticos no meio da rua ou a repressão à Marcha da Maconha ou as manifestações de professores da rede estadual em reivindicação por salários decentes. Diante da situação de escandalosa insegurança pública que vige em São Paulo, não se entende onde ficam esses imensos contingentes de policiais quando não estão espancando jovens magricelos e professores ou enxotando famílias de seus barracos insalubres. Há regiões no estado de São Paulo, sobretudo na capital, em que nenhum desses jornalistas que vivem garantindo que o estado está cada vez mais seguro ousaria dar as caras. Tanto quanto a polícia. A Cracolândia, por exemplo, incrustada como uma chaga no centro velho da cidade, escandaliza muito mais devido à dimensão do caos que vige ali.