sábado, 5 de novembro de 2011

A demissão dos petistas da Prefeitura de Belo Horizonte

O prefeito Márcio Lacerda, o poste eleito na estranha aliança entre o ex-prefeito Fernando Pimentel (PT) e o ex-governador Aécio Neves (PSDB), em 2008, foi o cavalo de troia usado pelos tucanos para chegar à administração da capital, possibilitando à direita monopolizar o poder no estado e na capital. Agora, quando trama sua reeleição, Lacerda quer oficializar a aliança com os tucanos, marginalizando o PT. O PT nacional -- que não aprendeu a lição de 2010, quando ao obrigar o PT mineiro a engolir a candidatura Hélio Costa e levou a esquerda a fragorosa derrota em Minas -- e o PT estadual (leia-se Pimentel) aceitam, desde que seja nos moldes de 2008. Isto é: continua tudo como está, com o PT indicando o vice-prefeito e os tucanos informalmente no governo. Lacerda, porém, é ingrato, acha pouco e tem o poder e o apoio de Aécio-Anastasia e Pimentel (Pimentel também não aprendeu com a rasteira que levou de Aécio); quer formar a chapa dos seus sonhos, com os partidos de direita (PSDB, PPS e DEM, entre outros). Sabe, no entanto, que se o PT lançar candidato, em aliança com o PMDB, sua reeleição corre risco, e quer evitar isso. Neste último lance, está intimidando os petistas de carreira, muito apegados a cargos, como se viu em 2008, quando, mesmo abrindo mão do candidato a prefeito, mesmo desgostando de Lacerda, aderiram e conseguiram elegê-lo no segundo turno. (Ressalte-se que os petistas demitidos agora não foram os primeiros; no começo do seu governo Lacerda já tinha afastado os que não fizeram campanha para ele e os que não estavam protegidos por Pimentel ou Carvalho.) O PMDB e o PDT se solidarizaram aos demitidos. O diretório municipal do PT reagiu, mas timidamente, considerando a gravidade do ato. Afinal, afastar os militantes petistas ligados ao vice-prefeito e presidente do diretório municipal do PT é uma declaração de guerra. Ou o PT deixa o governo Lacerda, passa para a oposição e lança candidato próprio em 2012 ou se curva definitivamente. Lacerda é ousado e dá mostras de que considera o PT um ratinho incapaz de reagir a humilhações. Talvez tenha razão, diante de tudo que aconteceu desde 2008. Se não reagir, porém, o PT será menos que um rato: será um rato morto.

Do Portal iG.
Prefeito de BH demite funcionários do gabinete do seu vice do PT
Denise Motta
O vice-prefeito de Belo Horizonte, Roberto Carvalho (PT), recebeu na manhã desta quinta-feira (3/11/11) a visita do secretário municipal de governo, Josué Costa Valadão, que lhe comunicou a decisão de dispensar 25 pessoas de seu gabinete por causa de "discussões políticas" em torno da sucessão do prefeito Marcio Lacerda (PSB). O prefeito disputará a reeleição no próximo ano e tem se aproximado do PSDB para compor uma chapa, o que tem provocado reações de Carvalho. "Disse a ele que isso é uma traição. Eu ajudei a eleger o Lacerda", reagiu o vice-prefeito. Na prática, é o ato mais claro de que a aliança entre as siglas na capital mineira não deve ser reeditada em 2012. Presidente do PT de Belo Horizonte, Carvalho promete levar o comunicado de Valadão ao partido, que indicou os cargos de confiança em seu gabinete. Ele vem mantendo diálogo com partidos da base da presidenta Dilma Rousseff (PT), como o PMDB. Em 2008, o deputado federal Leonardo Quintão (PMDB) disputou a prefeitura da capital mineira e levou a briga para o segundo turno, chegando a ficar na frente de Lacerda durante o segundo turno. "Política só se constrói com respeito e diálogo. Fui um dos responsáveis pela eleição do Lacerda. Não abro mão de criticar, mas, quando critico, critico publicamente. Falei ao Valadão minha posição de repudiar esta medida e ele disse que levará o recado ao prefeito", contou o Carvalho ao iG. De acordo com ele, a vice-prefeitura possui 32 pessoas, mas muitas são efetivas e não podem ser dispensadas. Pela proposta de Valadão, conforme informou Carvalho, a intenção é de manter apenas sete funcionários. Uma reunião na sede do PT municipal deve acontecer na próxima segunda para debater o assunto. A assessoria de imprensa de Lacerda foi procurada. Em comunicado à imprensa, a prefeitura disse: "Todos os servidores exonerados são de livre nomeação do prefeito. Eles foram exonerados porque não estavam cumprindo suas funções em consonância com as diretrizes da administração municipal. Há uma determinação explícita a todos os servidores para que a sucessão eleitoral do próximo ano não prejudique a administração da cidade".
A íntegra.

Do Blog da Kika Castro.
Prefeito de BH parte para a briga com o vice

José de Souza Castro (*)
Esta ação do prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, do PSB, não pode passar sem registro aqui. Li há pouco na Folha de S. Paulo que o Diário Oficial do Município publica hoje a exoneração de todos os servidores não concursados que trabalham no gabinete do vice-prefeito, Roberto Carvalho, do PT. Se pudesse, o prefeito demitiria todos os 30 auxiliares do vice, mas oito são estáveis, porque concursados. Antes de avançar, uma pergunta? O que faziam no gabinete do vice-prefeito 30 pessoas ganhando às nossas custas? Aliás, o que faz o vice-prefeito. No Brasil, sabemos que vice é uma figura que nada faz a não ser esperar a sua vez, no caso de vacância do titular. Por aqui, nem vice-campeão em campeonato brasileiro de futebol tem valor. Segundo a explicação do prefeito, dada em nota distribuída por sua assessoria, "os servidores exonerados são de livre nomeação do prefeito" e "não estavam cumprindo suas funções em consonância com a administração". Há pelo menos uma meia verdade aí. O prefeito não os nomeou livremente, mas porque atendia a um pleito que ele não poderia negar, feito pelo vice. E Roberto Carvalho deu o tom dessa impossibilidade, ao declarar que Lacerda "só está prefeito porque o PT o elegeu".
A íntegra.

Do saite do PT-BH.
Nota de repúdio
O Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores em Belo Horizonte, reafirmando o propósito de sempre lutar por democracia e contra a exploração, a dominação, a opressão, a desigualdade, a injustiça e a miséria vem a público repudiar as exonerações ocorridas no âmbito da Administração Pública Municipal, relativamente aos ocupantes de cargos comissionados e lotados no gabinete do vice-prefeito. A construção de alianças políticas se faz com diálogo e identidade de idéias, propostas e ideologia política. Todo e qualquer ato que importar em agressão ou retaliação a membros do Partido dos Trabalhadores merecerá nosso repúdio, principalmente quando repercutirem injustiça e opressão à parte mais frágil da relação política/administrativa qual seja o servidor comissionado. Nossos companheiros foram exonerados no apagar das luzes do dia 3 de novembro de 2011, sem qualquer explicação plausível para tanto. Somos sabedores que os cargos comissionados não importam em estabilidade para seus ocupantes, entretanto, em razão das notícias veiculadas nos meios de comunicação em nossa Belo Horizonte, somente podemos compreender tal atitude como retaliação pelos movimentos de coligação levado a cabo pela Direção Municipal do Partido dos Trabalhadores.
A íntegra.

Do Estado de Minas.
PT de BH classifica demissões no gabinete do vice-prefeito como "agressão"
Marcelo Ernesto
Os diretórios do PMDB e do PDT manifestaram, em nota, solidariedade ao diretório do PT. "Lamentamos e repudiamos esta agressão à democracia com atitude tão antirrepublicana de iniciativa do Prefeito Márcio Lacerda que prefere as agressões ao diálogo como já claramente demonstrado em várias de suas ações junto aos partidos políticos ou aos movimentos sociais de nossa cidade", disse (sic). O Diário Oficial do Município publicou, na edição desta sexta-feira, a exoneração de 17 servidores do gabinete do vice-prefeito. Entre os demitidos, há funcionários das gerências de Acompanhamento de Projetos de Emprego e Renda, de Acompanhamento de Projetos Urbanos, de Acompanhamento de Projetos Metropolitanos e de Apoio às Atividades do Gabinete, além de nove assessores e de um assistente. Atualmente, Carvalho conta com 22 funcionários comissionados e oito contratados, garantidos por acordo firmado entre PSB e PT após a eleição de Márcio Lacerda, em 2008.
A íntegra.