segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Os rumos do governo Dilma

"Essa esquerda acomodada e festiva se perdeu em autocongratulações e convescotes, no desfrute da fartura do poder e de tudo que o dinheiro público pode comprar. Acabou, assim, por ceder as ruas à direita – hoje, vemos a situação inusitada de a direita estar conseguindo pôr mais gente na rua do que a esquerda. Por conta disso – e à diferença de outros países sul-americanos governados pela esquerda –, nenhuma reforma estrutural de verdade foi feita no Brasil nesses quase dez anos de governo do PT. Ou seja: se um governo de direita voltar ao poder, desmontará facilmente todos os avanços sociais logrados até aqui." Uma análise interessante do Eduardo Guimarães, líder do Movimento dos Sem Mídia.

Do Blog da Cidadania.
O poder e a esquerda festiva
Leio postagem do jornalista Paulo Henrique Amorim em que ele fornece duas informações cruciais porque conduzem a uma reflexão que já passou da hora de ser feita. PH, que sabe das coisas, diz que o governo Dilma não fará "ley de medios" alguma porque acredita que a tecnologia dará conta do recado. São, portanto, duas informações. Vamos a elas. Não chegará a ser surpresa se o governo Dilma ou o Congresso não propuserem uma lei da mídia de verdade, como a da Argentina, a dos Estados Unidos ou a da França, entre tantas outras. Um governo que não consegue nem impedir que a mídia lhe derrube um ministro por mês certamente não teria força para aprovar uma lei que a mesma mídia não quer. A outra informação é a de que o governo, simplificando a explicação, aposta na fusão da tevê e do rádio com a internet e na entrada das teles (empresas de telefonia) na produção de conteúdo. Com o tempo, os meios impressos e eletrônicos terão que migrar para a internet. Então, serão obrigados a disputar público com empresas que têm muito mais recursos. Nenhum outro país sul-americano que elegeu governo oriundo da esquerda está esperando que o fim do monopólio da direita nas comunicações lhe caía no colo. Isso porque a esquerda brasileira difere completamente da que há em países como Argentina, Bolívia, Equador, Paraguai, Uruguai ou Venezuela. Nesse contexto, Argentina, Bolívia, Equador e Venezuela são os países da região que enfrentaram as lutas mais duras para aprovar uma "ley de medios". Por que os governos desses países optaram por não ficar esperando que a tecnologia acabasse com o oligopólio nas comunicações? Não seria melhor do que enfrentarem até tentativas de golpe por terem desafiado o principal sustentáculo da direita no Terceiro Mundo? Hugo Chávez, o casal Kirchner, Evo Morales, Rafael Correa sabem que a influência desses impérios de comunicação entranhou-se nas sociedades latino-americanas e que, por isso, eles acabariam se compondo com as teles e migrando para as novas plataformas. Por isso não ficaram esperando a democratização da comunicação cair do céu. O Brasil, porém, está preferindo o auto-engano. Isso ocorre porque, à diferença da esquerda de outros países que finalmente elegeram governos progressistas, a centro-esquerda brasileira se deixou amaciar, amansar e, em boa medida, cooptar pelo capital e suas delícias. Já a esquerda mais radical (no bom sentido), que mantém seus dogmas intocados tanto aqui quanto nos países que adotaram projetos de centro-esquerda baseados em crescimento econômico fomentado pelo Estado e em intensa inclusão social, não é opção por acalentar dogmas incompatíveis com a realidade global contemporânea. Na América do Sul progressista que vai se desenhando, portanto, o Brasil é o único país em que a centro-esquerda governa, mas no qual quem manda é a direita.
A íntegra.