Nas palavras de uma ex-vereadora e atual primeira suplente do partido na Câmara de Vereadores de Belo Horizonte encontra-se a dignidade petista perdida, que não tem sido vista nem em vereadores, nem em ex-prefeitos, nem em dirigentes diversos, acomodados e omissos diante da situação política na cidade. Por isso mesmo merece transcrição na íntegra.
Do Blog da Neila.
As escolhas de Lacerda
O caldo entornou. O prefeito Marcio Lacerda (PSB) efetivou uma ameaça que fora formalizada em 16 de setembro com a publicação de um decreto (14577), o qual modificava a estrutura da "vice governadoria" municipal (já que não existe o termo vice "prefeituria"). Neste sábado, dia 5, ele publica outro ato (via decreto 14629) recrudescendo o confronto com Roberto Carvalho. Na sexta, dia 4 de novembro, ele demitiu seletivamente, assessores lotados no gabinete do vice prefeito. O argumento é duro: insinua ele que tais assessores não estariam trabalhando. O pano de fundo todo mundo sabe. O PT discute até o momento, a construção de uma aliança coerente com a base de sustentação do projeto nacional liderado por Dilma Rousseff, o que exclui PSDB, DEM e PPS. Serei franca. Márcio de Araújo Lacerda não me decepciona, nem me surpreende. Portanto, não me sinto politicamente traída por ele. Suas escolhas já foram feitas há muito tempo e são coerentes. Ele escolheu desqualificar boa parte das heranças dos governos petistas na cidade, desde 1993. Escolheu implementar as receitas contidas nos manuais da tal "nova gestão pública", que não passam de uma mistificadora infiltração de conceitos e métodos gerenciais privados, no ambiente público. Com isso ele fez a escolha fundamental: a marca de seu governo é a falácia do choque de gestão; mero artifício de marketing criado pela máquina de projeção pessoal de Aécio Neves. Ele "escolheu" que quer a ideologia do PSDB como protagonista na PBH, independentemente, de estar ou não na coligação. E ele sinaliza claro: quanto menos formal for a sua aliança com o PSDB, mais este vai ter espaços reais de poder. Talvez acreditando nas palavras de velhos petistas acomodados politicamente e de neopetistas descomprometidos com nossa história, ele tentou pressionar o PT, demitindo alguns filiados. Tiro no pé. Mexeu com a dignidade do Partido. Ou há uma retratação pública, para a qual não basta um simples ato no Diário Oficial do Município, ou ele criou mais um problema. PSDB, DEM e PPS já são coisas do passado. O problema agora é o PSB! E se o PT ficar parado não terá tempo de reagir!