Impossível também não compartilhar. Não deixa de ser curioso que o poema seja citado no saite do Museu de Artes e Ofício. Consta que um dos motivos da proibição de reuniões populares na praça pelo prefeito Lacerda foi a solicitação da dona do museu (instalado num edifício público), sob alegação de que o barulho do povo incomoda o funcionamento da instituição.
Do blog Praça Livre BH.
A mesma praça, o desrespeito de sempre… Pessoal, inevitável trombar com esse poema e não trazê-lo pra cá. Ele é de 1982, mas como disse o Xande: tempo…
Gustavo Bones
A Praça da Estação de Belo Horizonte
Carlos Drummond de Andrade
Duas vezes a conheci: antes e depois das rosas.
Era a mesma praça, com a mesma dignidade,
O mesmo recado para os forasteiros: esta cidade é uma
promessa de conhecimento, talvez de amor.
A segunda Estação, inaugurada por Epitácio,
O monumento de Starace, encomendado por Antônio Carlos
São feios? São belos?
São linhas de um rosto, marcas da vida.
A praça da entrada de Belo Horizonte,
Mesmo esquecida, mesmo abandonada pelos poderes públicos,
Conta pra gente uma história pioneira.
De homens antigos criando realidades novas.
É uma praça – forma de permanência no tempo.
E merece respeito.
Agora querem levar para lá o metrô de superfície.
Querem mascarar a memória urbana, alma da cidade
Num de seus pontos sensíveis e visíveis.
Esvoaça crocitante sobre a praça da Estação
O Metrobel decibel a granel sem quartel
Planejadores oficiais insistem em fazer de Belo Horizonte
Linda, linda, linda de embalar saudade
Mais uma triste anticidade