domingo, 14 de julho de 2013

A falácia da corrupção crescente

Um velho assunto pelo melhor analista político brasileiro atual. No fundo, o assunto é outro: o sensacionalismo e a superficialidade do noticiário da velha imprensa oligárquica, que se arrogou o papel de partido da oposição e que impede que as questões importantes do País sejam realmente discutidas. É impossível comparar a corrupção no Brasil num período em que não havia liberdade, inclusive de imprensa, com outro em que a imprensa apoiava o governo e outro em que a imprensa faz oposição ao governo. A bandeira não é a luta contra a corrupção, é a luta contra a falsa representação da população por políticos profissionais ligados às elites.

Da CartaCapital.
Quem topa a aventura?
Em meio ao desprezo pelos políticos, emergem estrelas como Marina Silva e Joaquim Barbosa, que nem sequer partido têm. Mas os candidatos "não políticos" costumam ser preteridos nas urnas  
Por Marcos Coimbra

Dizer que a corrupção e a incompetência dos políticos brasileiros aumentaram nos últimos anos é simples ignorância ou ação política deliberada. Ao contrário do que pensa o cidadão pouco informado, os mecanismos de controle do uso dos recursos públicos são mais eficazes hoje que no passado e são melhores as safras mais recentes de administradores em municípios, estados e União. Ao contrário de ter piorado, avançamos nesse aspecto. Então, o que ocorre? Por que a grita contra "os políticos"? Por que diminui a aprovação de prefeitos, governadores e da presidenta? Por que sobem nas pesquisas de intenção de voto para a próxima eleição presidencial apenas os candidatos não políticos e caem os candidatos de verdade? Por que as estrelas das últimas pesquisas foram Marina Silva e Joaquim Barbosa, que nem sequer partido têm?
Nossa vida política é curiosa. No segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso, o País ficou em sobressalto permanente: uma crise cambial aguda, trocas atabalhoadas de presidentes do Banco Central, denúncias de que autoridades econômicas passaram informações a bancos particulares, a ameaça de um calamitoso apagão elétrico, a inflação voltando a ser voraz. Tudo em um governo suspeito de ter comprado votos na Câmara dos Deputados para conseguir permanecer no poder.
Onde estava a "grande mídia"? O que escreveram os colunistas que hoje se proclamam indignados? Onde estavam os ministros da Suprema Corte? E a Procuradoria-Geral da República? E a classe média "manifestante"?
Quietos e calados.
No fundo, tudo o que querem, desde quando começaram a gritar de um ano para cá, é derrotar o "lulopetismo". Mas não sabem dosar a munição. Atingem o conjunto do sistema político e abrem o caminho para aventuras de alto risco.
A íntegra.