O índice brasileiro é inferior ao das Américas e ao dos países emergentes. E muito inferior aos dos países desenvolvidos. Quando interessa, tais índices sempre são usados para dizer o quanto o Brasil está atrasado. Surpreendentemente, no entanto, os médicos brasileiros negam a falta de médicos.
O Conselho Federal de Medicina e os regionais -- se não todos, alguns expressivos, como o paulista e o mineiro -- dizem que o problema da saúde não é falta de médicos, é de estrutura. Sabotam o programa Mais Médicos, fazem passeatas e ameaçam
entrar na justiça. Fica parecendo interesse corporativista -- ou
político, porque o presidente do CFM é claramente tucano raivoso -- e
que a saúde dos brasileiros é o que menos importa. Basta ler o enunciado: Médicos são contra Mais Médicos.
O problema é que não explicam por que são contra (dizer que mais médicos põem em risco a saúde da população é um disparate: o que põe em risco a saúde da população, obviamente, é a falta de médicos; além disso, a saúde brasileira já não é ruim, ou é ótima e corre risco de ficar ruim com "mais médicos"?), tampouco têm uma proposta alternativa à do governo. Não são a favor, não são propositivos -- são contra. Nós, pacientes, sabemos o que significa falta de estrutura, mas será que é a mesma coisa que eles? Na visão do paciente frequentemente falta de estrutura significa falta de médico, traduzida em longas esperas em postos de saúde e hospitais.
O fato é que faltam médicos sim, se não para os ricos e nas maiores cidades, pelo menos para os pobres, nas periferias e no interior. Quem disse isso não foi o governo federal, foi a Organização Mundial de Saúde, há mais de dois meses -- e não houve protestos contra os números divulgados pela OMS. Por quê?
Da Agência Estado.
OMS alerta para o baixo número de médicos no Brasil
Segundo a OMS, há 17,6 médicos no Brasil para cada 10 mil pessoas. Número é a metade do encontrado em países europeus e Maranhão tem índice comparado a Iraque e Índia
O Brasil tem, proporcionalmente à população, metade dos médicos dos países europeus - no Norte e Nordeste, essa taxa se aproxima à de alguns dos países mais pobres do mundo. Dados que serão divulgados nesta segunda-feira (20/5/13), pela Organização Mundial da Saúde (OMS) na abertura de sua assembleia anual, em Genebra, revelam que a média de profissionais para cada 10 mil pessoas no Brasil está abaixo da do continente americano e é bastante inferior à dos países ricos.
O governo brasileiro vem discutindo a ideia de importar médicos, justamente para atender áreas de maior déficit. Se em alguns centros urbanos os números chegam a superar a média de países ricos, em outras regiões a penúria é dramática, com mais de 300 municípios em dificuldades.
Segundo a OMS, há 17,6 médicos no Brasil para cada 10 mil pessoas. A taxa é um pouco inferior à média do restante dos países emergentes -- 17,8. O índice também é inferior à média das Américas (mais de 20).
Mas é a comparação com os países ricos, principalmente da Europa, que revela a disparidade entre a situação no Brasil e nas economias desenvolvidas. Em geral, existem duas vezes mais médicos na Europa que no Brasil - 33,3 a cada 10 mil habitantes. São 48 médicos na Áustria a cada 10 mil cidadãos, contra 40 na Suíça, 37 na Bélgica, 34 na Dinamarca, 33 na França, 36 na Alemanha e 38 na Itália.
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