Boa análise. Para o agronegócio, que só produz para exportação e deixa faltar arroz e feijão, ou para pequenos agricultores que alimentam os brasileiros? Para a população que precisa do SUS ou para o lobby dos médicos e empresas de saúde? Para o lobby das montadoras e das empresas de ônibus ou para o povo que usa transporte público? Para a rede globo reacionária, que distorce o noticiário e recebe R$ 500 milhões por ano em publicidade do governo, ou para a nova imprensa progressista da internet? O governo tem de escolher.
Da Rede Brasil Atual.
Governo tem de escolher para quem quer governar
Professor da Federal do Rio afirma que os tempos de 'Brasil Para Todos' já passaram
por Andréa Ponte Souza, Fábio Jammal Makhoul e Lucimar Beraldo, Rede de Comunicação dos Bancários
São Paulo – Apesar dos incríveis avanços econômicos e sociais que o Brasil passou nos últimos dez anos, o povo quer mais. Sem o fantasma do desemprego rondando, renda em ascensão e aumento do consumo, a população quer agora saúde, educação e transporte de qualidade, quer, enfim, serviços públicos melhores.
Este é o grande recado das manifestações que tomaram conta do Brasil em junho, na visão do professor João Sicsú, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e ex-diretor do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Ele participou dos debates sobre análise de conjuntura, que abriram o segundo dia da Conferência Nacional dos Bancários, neste sábado (20/7/13), em São Paulo
João Sicsú disse que o governo Lula assumiu o país, em 2003, com o slogan "Brasil para todos". "Este roteiro levou a ações que garantiram avanços em todas as áreas", diz, acrescentando que a política econômica do governo, acertada e necessária, expandiu o crédito, que dobrou de tamanho, conseguiu uma drástica redução do desemprego -- passando de 12,3%, em 2013, para menos de 5%, em 2010 - e ampliou o consumo.
Para Sicsú, o governo precisa, agora, deixar o slogan de lado e escolher para quem quer governar. "Precisa partir para o enfrentamento. Se queremos um sistema de saúde melhor, precisamos enfrentar o lobby dos médicos e das grandes corporações. Se queremos uma reforma política, precisamos enfrentar deputados, senadores, bancos, mídia. Se queremos uma reforma agrária, precisamos enfrentar os ruralistas. Isso vai desagradar os mais poderosos e ricos, mas vamos conseguir avançar em vários pontos que foram colocados pela população nas manifestações de junho."
O professor acredita que esta insatisfação da população manifestada nos protestos era de conhecimento do governo. "Mas os governantes não fizeram nada, justamente para evitar o confronto. Mas não adianta evitar o enfrentamento, os mais poderosos continuarão brigando pelos seus interesses. Basta ver que, no ano passado, o governo federal destinou R$ 500 milhões em verbas publicitárias para a TV Globo. E ela continua fazendo oposição ao governo. Imagine o grande avanço que teríamos na saúde se esta verba de meio bilhão de reais fosse investida na área", disse.
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