Da Rede Brasil Atual.
Abracadabra: os algoritmos estão dominando o mundo
Entusiastas das teorias da conspiração, não olhem agora: tudo aconteceu quando o algoritmo encontrou o computador. Foi amor à primeira vista
por Paulo Nogueira
Você vai conhecer os algoritmos tão bem quanto a mãe deles. Perdão, o pai: Al Khwarizami, matemático que no século 9 criou o primeiro algoritmo, palavra que é uma corruptela do nome desse erudito persa. Grosso modo, um algoritmo é uma sequência finita de instruções bem definidas e não ambíguas, em que cada uma pode ser executada mecanicamente num período de tempo finito e com uma quantidade de esforço finita. Hein?
Um software, por exemplo, é essencialmente um algoritmo que dita ao computador os passos específicos e a ordem em que devem ser executados – para, digamos, calcular as notas que serão impressas nos boletins dos alunos de uma escola. Singelo, não? E também tentacular. O que mudou desde os tempos de Al Khwarizami é o que os algoritmos estão fazendo agora: tudo. Acumulam mais informação do que qualquer ser humano seria capaz e estabelecem relações que nenhum de nós vislumbraria. As desvantagens só começam a despontar.
Tudo aconteceu quando o algoritmo encontrou o computador. Foi amor à primeira vista. Vejamos: neste preciso instante, milhões de pessoas estão realizando uma busca no Google. Um algoritmo vai determinar o que elas veem, como um porteiro para a internet. Outro vai selecionar que anúncios publicitários acompanharão os resultados da pesquisa (na web tampouco há almoços grátis).
Vão anotando: algoritmos decidem o que encomendamos na Amazon (ou no Peixe Urbano), que filmes nos são sugeridos no Netflix, quais músicas ouviremos na Rádio Pandora. Por isso, vira e mexe os jornais peroram contra a influência insidiosa dos algoritmos, como se eles fossem um vodu informático que obriga os websites a vigiar cada internauta. Ou seja, um software que espia nossos e-mails e informa ao Facebook o tipo de propaganda que nos deve ser impingida.
Não é bem assim: é pior. Muitos dos alertas da mídia hoje partem de... algoritmos. Assim, a Narrative Science é uma empresa que, sem um único jornalista ou repórter, produz noticiários montados a partir de dados recolhidos na internet pelos algoritmos. Na revista Forbes, por exemplo, muitas matérias já são assinadas "by Narrative Science".
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