Sem competidores reais desde o fim da II Guerra Mundial e sem qualquer sombra de rival desde o fim da União Soviética, há duas décadas, os EUA inventam inimigos e agora se voltam contra seus próprios filhos. Mas a justiça pode se distinguir dessa loucura que atinge o poder executivo, seja republicano, seja democrata. Tradicionalmente, a justiça anglo-saxã tem um papel humanista importante na História. Se ela estiver contaminada, e condenar o soldado, se for incapaz de distinguir entre os interesses do governo e os da sociedade, entre os interesses das grandes corporações e os da nação, será um péssimo sinal de que os grandes irmãos do Norte estão realmente, com perdão do trocadilho, desnorteados. Em outros tempos mais libertários, Manning seria considerado um patriota, um defensor da democracia.
Do Opera Mundi.
Juíza militar deve anunciar veredicto de Bradley Manning nesta terça
O soldado norte-americano pode ser condenado à prisão perpétua se for considerado culpado de "ajudar o inimigo"
O soldado norte-americano Bradley Manning, que admitiu ter vazado centenas de milhares de documentos secretos dos EUA ao Wikileaks, deve conhecer seu futuro na tarde desta terça-feira (30/7), quando uma juíza militar anunciará seu veredicto sobre o caso na base de Fort Meade, em uma cidade próxima a Baltimore.
Manning pode ser condenado à prisão perpétua se for considerado culpado da acusação mais grave apresentada contra ele: "colaboração com o inimigo". No dia 1º de julho, os promotores apresentaram evidências de que a rede terrorista Al Qaeda teria usado os documentos fornecidos pelo soldado e, na última quinta-feira (25), declararam que ele sabia que inimigos dos EUA usavam essas informações.
As alegações finais da defesa e da acusação foram concluídas na sexta-feira (26) após oito semanas de audiências e o veredicto deve ser anunciado pela juíza Denise Lind à uma da tarde no horário local, sem a presença de um júri, como foi pedido pelo próprio Manning. O soldado decidiu colocar seu caso nas mãos de uma única pessoa, em vez de um grupo de militares.
A juíza Lind é responsável por interpretar um caso que pode estabelecer os fundamentos sobre o que pode ou não ser considerado "cooperação com o inimigo" e que também pode ajudar o governo norte-americano em sua tentativa de perseguir judicialmente o Wikileaks e seu fundador, Julian Assange.
A íntegra.