No futebol, a inflação fifa -- tanto quanto o embranquecimento dos estádios -- é evidente, como se vê nesta matéria da ESPN. E no restante da economia, qual será o peso dos lucros estratosféricos cobrados pela fifa para realizar a copa no Brasil?
Sem falar nessa aberração que se tornou corriqueira: os clubes agora não jogam na sua cidade, diante da sua torcida, perambulam por estádios do próprio estado ou de outros. Viraram circos mambembes, à procura de públicos carentes dispostos a pagar fortunas para vê-los, uma vez que a sua própria torcida distancia-se cada vez mais deles.
Note-se o que acontece com os dois maiores clubes belo-horizontinos.
O Cruzeiro, que ontem "massacrou" o Atlético Goianiense, por cinco a zero, na Copa do Brasil, levou só 11 mil torcedores ao Mineirão. Pelas contas de analistas, o clube precisa ter mais de 20 mil torcedores num jogo para não ter prejuízo. O preço médio do ingresso ficou em R$ 36 e uns quebrados. Os ingressos mais baratos custaram R$ 30, mas isso não significa que quem quisesse ir ao campo pagaria esse preço: o preço mais barato era R$ 60 -- R$ 30 era o preço para sócio torcedor. Havia ingressos de até R$ 120. Não é de admirar que só 11 mil tenham se disposto a pagar. No velho Mineirão, a geral custava R$ 5, a arquibancada, R$ 10. E era só chegar na bilheteria e comprar. O Cruzeiro, que detém o recorde de público no Mineirão, com mais de 120 mil torcedores, agora pode levar 65 mil, mas quando isso acontecerá, considerando os preços dos ingressos? O novo público branco dos estádios não vai em qualquer joguinho, como o torcedor apaixonado, pobre, que agora ficou excluído.
E o Atlético? Recusou a armação pela qual o governo Aécio Anastasia reformou o Mineirão com dinheiro público e depois entregou-o a uma empresa privada amiga para explorá-lo, com lucros de agiota. Optou pelo pequeno Independência (também reformado com dinheiro público), no qual a negociação lhe foi mais vantajosa. Um clube que tinha como tradição levar 50 mil torcedores ao Mineirão em qualquer jogo e raramente menos de 20 mil, joga agora num estádio cuja capacidade máxima é esta. Nem por isso o lota: no jogo contra o Criciúma, pelo brasileirinho 2013, foram ao Horto só 4.815 fanáticos. Os ingressos mais baratos custaram R$ 30, certamente não para quem fosse comprar na bilheteria do estádio e talvez em um dos "pontos cegos" (outros preços: R$ 50, R$ 60, R$ 100 e até R$ 240).
No futebol, a marca dos governos petistas é a exclusão social.
Do ESPN.com.br.
Aluguel de estádio 'padrão Fifa' é 11 vezes mais caro
Por Paulo Cobos
Os serviços nem foram como nos jogos da Copa das Confederações. Mas
custa muito caro para os clubes brasileiros jogarem nos estádios
construídos para o Mundial, com 'padrão Fifa'.
Foram seis jogos
nessas arenas no Brasileiro-2013. Em quatro deles houve cobrança de
aluguel. E nessas partidas os donos das arenas arrecadaram R$ 1,037
milhão com a locação, o que dá uma média de R$ 259 mil por jogo.
Nas
seis primeiras rodadas, outras 21 partidas tiveram cobrança de aluguel.
E o valor total arrecadado com isso ficou em R$ 437 mil, ou R$ 22,5 mil
por partida.
Assim, o aluguel médio de um jogo num estádio "padrão Fifa' é mais de 11 vezes maior do que num estádio "padrão brasileiro".
Com
despesas de aluguel nas alturas, até jogos com boas rendas brutas dão
prejuízos nos novos estádios brasileiros. Vitória x Internacional, na
primeira rodada, vendeu R$ 248 mil em ingressos na Fonte Nova. Mas,
pagando R$ 165 mil para usar a arena, o clube baiano teve um prejuízo de
quase R$ 60 mil. Pior aconteceu no clássico carioca entre Botafogo e
Fluminense, em Recife, no último domingo.
O jogo teve uma ótima
renda, com quase R$ 400 mil. Mas o aluguel custou R$ 270 mil, e a
partida acabou no vermelho (mais de R$ 40 mil).
A íntegra.