Por falar em empresários do setor de transporte investigados por corrupção, Minas Gerais tem um senador que assumiu o mandato sem obter um voto sequer e é muito amigo de outro senador mineiro, Aécio Neves -- foi até vice dele. É um frequentador assíduo das colunas sociais das revistas e jornais mineiros. Também está sendo acusado.
Da revista Época.
O senador Clésio Andrade é acusado de desviar recursos sindicais
A CGU afirma que o presidente da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) entregou mais de R$ 100 milhões, nos últimos anos, a uma empresa e a um instituto que mantêm laços com ele próprio
Murilo Ramos
Quando está em Brasília, o senador Clésio Andrade (PMDB-MG) divide seu tempo entre duas atividades. Ele é parlamentar e presidente de um sindicato empresarial, a Confederação Nacional dos Transportes (CNT). Clésio se tornou senador em 2011, sem ter um único voto. Eleito como suplente, assumiu o mandato devido à morte do titular, Eliseu Resende. Na CNT, Clésio é autoridade máxima. Há 20 anos ele ocupa a presidência da entidade ininterruptamente. Se, no Senado, comanda um gabinete com 25 pessoas e uma verba anual de R$ 720 mil, Clésio lida com valores maiores na vida de dirigente de classe. Só em 2012, o orçamento tocado por ele na CNT foi de R$ 600 milhões, vindos das contribuições de empresas do setor.
A Controladoria-Geral da União (CGU), órgão da Presidência da República, investigou a gestão de Clésio como presidente do sistema que engloba a CNT e duas outras entidades a ela ligadas, o Serviço Social do Transporte (Sest) e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat), e afirma ter identificado irregularidades. Os auditores acusam Clésio de, nos últimos anos, ter entregado mais de R$ 100 milhões a uma empresa e a um instituto que mantêm laços com ele próprio. Por isso, a CGU classificou como "irregular" a gestão de Clésio à frente do Sest e do Senat em 2011. O relatório da CGU, a que Época teve acesso em primeira mão, está nas mãos do Tribunal de Contas da União, que ainda não o apreciou.
A empresa que aparece no relatório da CGU é a construtora Diedro, de Belo Horizonte. Entre 2008 e 2010, a Diedro ganhou oito dos 12 contratos para construir de unidades do Sest e do Senat. Com isso, faturou R$ 82 milhões. A Diedro ficou com 91% dos recursos destinados pelo Sest e pelo Senat a obras em todo o país.
A íntegra.